26 de novembro de 2015

Pensando estratégias metodológicas - livreto - parte 4

Pensando estratégias metodológicas

Para se fazer arte, para se expressar artisticamente, há-de-se ter certa dose de ousadia, porém ousadia não deve ser confundida com desordem. Sabe-se que a organização auxilia muito o ser criativo, pois este tem tudo à mão para criar, imaginar!

Um projeto educacional que privilegia um ambiente organizado, um trabalho com foco nos objetivos, com sequência nas atividades, tem grande possibilidade de sucesso, permitindo a autonomia e a liberdade da criança.

• Organização do espaço
O ideal é ter um espaço destinado às atividades artísticas na escola, mas sabemos que, na realidade da grande maioria de nossas escolas,não há um espaço destinado a esse fim. Então, é aconselhável que se faça uma adaptação do local de trabalho, que as crianças sejam acomodadas de forma a permitir o máximo de autonomia para o acesso ao uso dos materiais artísticos, ativando o desejo de produzir e o prazer de estar ali.

É interessante que, neste ambiente, seja possível rearranjar o mobiliário, dispor das mesas e cadeiras de acordo com os projetos a serem executados. A princípio, isso pode aparentar certa desordem, mas a variedade na disposição auxilia nas propostas e a arrumação, ao término das atividades, envolve as crianças na rotina da organização.Sugere-se que o espaço escolar tenha local para a exposição dos trabalhos realizados, s este é parte do processo de criação artística. Existem salas de aula tão poluídas visualmente, com todas as paredes cobertas de letras e números, com calendários e recados,que não se nota quando um novo trabalho foi nela colocado. Deixar também os trabalhos expostos por um tempo demasiadamente longo em nada ajuda na sensibilização visual estética.

• Os utensílios para a realização das atividades de pintura
Os materiais são a base da realização artística. Com foco na atividade de pintura, listaremos aqui alguns materiais pertinentes a estas atividades. A mistura de técnicas tem sido muito utilizada na arte contemporânea e faz parte do universo infantil.

• Suportes para pintura
O suporte mais utilizado para pintura é o papel. O papel tem diferentes gramaturas, ou seja, diferentes espessuras e densidades. O papel mais comum nas escolas é o papel branco comum usado em impressoras, e com a gramatura 75 g/m². As cartolinas têm a gramatura de 180 g/m² por isso são mais grossas. Se a técnica de pintura possuir muita água, o papel mais “fino” se rasgará facilmente. O papel tipo “canson” tem uma gramatura intermediária - 120 g/m² - e é vendido em blocos de tamanhos menores que a cartolina.
Outros suportes podem ser utilizados para pintura (Foto 8): madeiras, telhas, tecido e até mesmo objetos. Mas há, para cada suporte, um tipo de tinta adequado.



Foto:O piso como suporte.
Arquivo pessoal da autora.

• Tintas
Desde a pré-história o homem pinta. A tinta é um meio líquido colorido feito com um pigmento, um aglutinante e um antioxidante.
Das diversas tintas que existem, as tintas guache são as mais comuns no ambiente escolar. É uma tinta opaca e que tem boa cobertura (algumas marcas têm muita água e, por isso, ficam transparentes). São de fácil manuseio, pois secam rapidamente e, na maioria, são atóxicas.

As tintas aquarelas podem ser encontradas em pastilhas ou tubinhos e têm a qualidade da transparência. Elas dão o efeito bastante suave e por isso nem sempre são utilizadas com as crianças menores que querem algo que se destaque.

Há tintas que têm como aglutinante (base) os óleos, a tinta a óleo para tela por exemplo. Porém não é aconselhável o uso delas na Educação Infantil por sua composição química. O melhor mesmo é a fabricação de tintas caseiras.
A tinta caseira pode ser feita com cola e corantes alimentícios. Há uma infinidade de receitas caseiras para fabricação de tintas, devendo-se colocar os três itens necessários: aglutinantes, pigmentos e antioxidantes.

Assim, são ótimos aglutinantes para tintas caseiras: sagu, grude de farinha de trigo, maizena ou polvilho. São ótimos corantes naturais para tintas caseiras: café, chá, terra, urucum, açafrão, beterraba... E, para evitar que elas criem bichinhos rapidamente, os antioxidantes caseiros melhores são o limão ou vinagre.

De posse dessas informações, você já é capaz de manipular uma tinta. Mãos a obra! Numa panela, cozinhe um pouco de farinha e água. Separe em potinhos e em cada potinho adicione um pigmento. Se quiser que dure mais dias, coloque algumas gotasde vinagre! Pronto! A criança poderá pintar e se lambuzar sem o risco de se intoxicar!

• Ferramentas para uso das tintas
O comum é utilizar pinceis para espalhar a tinta, mas os dedos e as mãozinhas também podem fazer esse trabalho. Outra ideia é utilizar cotonetes, buchinhas e até palitos. Se quiser confeccionar pincéis, utilize tubinhos de canetas vazios e prenda alguns fios de lã. Não são tão eficientes como os pinceis fabricados que existem no mercado (Foto 10), mas servem como experiência.



• Material para auxílio na pintura
Uma atividade agradável de pintura é fazer a cor, ou seja,perceber que, misturando uma cor com outra, surge uma terceira cor! É muito mágico! Para isso, são necessárias vasilhas ou pequenos potes para a mistura das tintas. As forminhas de gelo são ótimas para esta finalidade. Mas não prepare muita tinta de cada cor. Prepare a quantidade que irá utilizar, pois é mais difícil retirar da forminha o que sobrou para guardar. Os pratinhos descartáveis de plástico ou isopor também são ótimas paletas de pintura.

Não esqueça de que é necessário forrar a mesa (ou o chão) de trabalho para dar maior liberdade à criança (Foto 11). Forre com jornal ou mesmo com um plástico grande. Ela e você vão ficar menos preocupado sem manchar a mesa e o chão se tudo estiver forradinho.

Um paninho para limpeza ou mesmo o papel toalha devem estar sempre à mão para a limpeza dos pincéis, ou mesmo se um potinho de tinta virar por ali.

• Finalização dos trabalhos
Quão lindo ficou nosso trabalho! Mas é necessário um tempinho para que fique seco. Tinta é assim mesmo, pois se compõe de água ou cola, ou outro material que tem seu tempo de secagem. Arranje um local em que os trabalhos sequem: pode ser em uma prateleira, no chão afastado das mesinhas de trabalho ou mesmo em um varal. Cuidado, se a tinta for muito líquida e você pendurar no varal, ela vai escorrer...


O ideal é ter uma pia na sala de aula, mas se isso não for possível, leve um balde com água e alguma toalha para limpeza das mãos das crianças.

• Propostas de pinturas
A criança pequena se expressa mais livremente que uma criança maior que faz uma crítica sobre sua produção artística. Há crianças que não precisam de nenhum estímulo para pintar, é só deixá-los livres e a pintura começa a fluir. Outros pensarão uma infinidade de coisas, mas se sentirão incapazes de começar.

Um tema adequado à faixa de idade e ao momento é o caminho aberto para liberar a expressão. A vivência do tema proposto na forma de expressão corporal, musical ou mesmo a expressão verbal impulsiona a expressão pictórica. O inverso também é verdadeiro. A partir de uma pintura,podem-se produzir poemas, teatrinhos e muito mais. Quanto mais pudermos incentivara percepção visual, tátil, auditiva, gustativa e até mesmo a do odor, mais rico será o resulto final: uma experiência enriquecedora.

Deve-se evitar o uso de estereótipos para serem preenchidos pelas crianças. Estes de nada acrescentam à expressão individual delas.

Deixo aqui uma sugestão de temas para serem vivenciados e transportados para a pintura que possibilitam trabalhar o corpo e suas funções e também as relações emocionais:
- olhando no espelho;
- eu e minha família;
- eu e minha casa;
- brincando na escola;
- jogando bola ou outro jogo;
- comendo ou fazendo outra atividade cotidiana.

Outra forma interessante de incentivar a produção das pinturas são as histórias infantis. O educador pode contar, ler ou mesmo encenar a história e depois convidar a todos para pintarem o que ouviram. Podem pintar a parte da história de que mais gostaram, o personagem mais importante, ou outra questão que se queira abordar. As imagens de arte, pinturas de grandes artistas ou mesmo de artistas populares, gravuras ou mesmo fotografias, também são excelentes recursos para a educação estética. Ver novas formas de representar, buscar novas cores e formas diferentes nas reproduções artísticas também abrem o universo cultural para a criança.

É nesta prática de observar as próprias produções, as produções de colegas ou de diversas obras artísticas (regionais, nacionais ou mesmo internacionais) que a criança amplia seu conhecimento de mundo.

Livreto: Lambuzando de Arte - parte 3

O mundo plástico da criança é diferente do mundo artístico do adulto (DERDIK, 1989).
A criança não tenta copiar o mundo adulto. A criança tenta dizer o que entende do mundo adulto à sua maneira.
Ela desenha e pinta o que sabe e não apenas o que vê, representa fragmentos do real que lhe foram significativos e só aos poucos adquire uma linguagem artística. Cada fase de seu desenvolvimento tem algumas particularidades na expressão e na linguagem.
A criança bem pequena faz círculos ou passeia desordenadamente pelo espaço oferecido a ela com o pincel ou giz.
Nesta fase, às vezes só existem manchas e riscos, mas nem por isso os resultados não são interessantes.
A criança maior faz representações com maior simbolismo (Foto), utilizando o círculo para cabeça e riscos para pernas e braços.



Foto: Representação com maior simbolismo.
Arquivo pessoal da autora

O educador deve conhecer os traços básicos das crianças para procurar entender o desenvolvimento e a aquisição de novos símbolos (KELLOGG, 1979).
A pesquisadora norte-americana RhodaKellogg estudou por 3 anos produções de crianças pequenas. Ela observou cerca de 300 mil produções e analisou principalmente a forma dos traços (rabiscos básicos) e como ela ocupava o espaço do papel (modelos de implantação) até a entrada da criança no desenho figurativo, o que ocorre por volta dos 4 anos. Estes traços básicos podem ser círculos, espirais, cruzes, escadinhas...
No período de produção de rabiscos, a criança explora diferentes suportes e instrumentos, experimenta, por exemplo, riscar as paredes ou o chão. Tudo é motivo para incentivar o crescimento.


Acreditamos que uma postura adequada do educador é a de não interferir na expressão artística da criança não desenhando diretamente no seu papel ou mesmo escrevendo em sua superfície. O melhor é interagir com questionamentos ou sugestões. Desenhar ou pintar no espaço da criança é como colocar palavras na sua boca, não deixando que ela fale por si mesma. Há-de-se ter paciência e sensibilidade para compreender que o papel do professor é de chefe de orquestra, não o de tocar por seus músicos, mas o de dirigi-los.

Quando uma criança repete muito um determinado tema, o educador não deve considerar isso como uma falta de fantasia ou imaginação. A repetição pode significar que ela está tentando resolver alguma coisa naquele assunto. A sugestão de um novo tema pode surtir efeito.

Se uma casa não tem porta, o educador não precisa apontar que a casa não tem porta e sim perguntará criança – “por onde é a entrada?” ou “como se entra em sua casa?” Lembrando sempre que os desenhos e pinturas infantis não são representações fotográficas (Foto 6).



Foto: Pinturas infantis não são representações fotográficas.
Arquivo pessoal da autora.

A expressão artística infantil é a concretização de conhecimentos e experiências. O educador que valoriza a arte na Educação Infantil e que tem por base a ARTE como forma de expressão de sentimentos e de compreensão está criando um espaço de abertura entre professor e aluno, acreditando que ambos crescerão como seres humanos num processo de reciprocidade.

Livreto: lambuzando de arte - parte 2

É importante porque...

Pesquisas educacionais realizadas no século XX (LOWENFELD, 1970) mostraram que a Arte na criança é uma manifestação espontânea e autoexpressiva sendo de grande importância incentivá-la e deixá-la acontecer no processo educativo (Foto 2), sendo aliada na aquisição de conhecimento. Quando a criança desenha ou pinta, é capaz de concretizar as suas emoções, contar sua história, suas fantasias, suas alegrias e suas tristezas.



Foto 2: Deixando a arte acontecer
http://zetaplusconstrutora.wordpress.com/category/dia-das-criancas/

A criação artística é um meio educativo. Desenhando e pintando, a criança interage com o meio, seu corpo inteiro se envolve na ação. Ao realizar a atividade artística,a criança se transporta para o papel, para o material artístico modificando-o e também se modificando.

A atividade artística, o desenho, a pintura, o recorte e a modelagemservem de meios de investigação, de comparação com normas conhecidas, e até medem o grau de desenvolvimento, relacionando o antes e o depois da atividade. Mas,principalmente,éque a arte proporciona à criança exprimir o seu próprio eu, reconhecer-se e valorizar sua produção elevando sua autoestima.(Foto 3).



Foto 3:Autoexpressando-se por meio da arte.
Arquivo pessoal da autora.

O trabalho de pintura pode ser empregado com função terapêutica (PAIN, 1996) para crianças instáveis, ou até mesmo para as crianças que não alcançam o rendimento escolar desejado. O resultado do trabalho com as cores e tintas é espetacular. A criança, pela sua prática com a pintura, toma consciência de suas ações,e de inúmeras possibilidades, fazendo-a reconhecer que seus esforços podem resultar em positivos e dando-lhe mais segurança na escola ou família.



Lambuzando de arte: pintura na infância

Lambuzando de arte: pintura na infância

Este é o título do livreto escrito por mim, Elisa Muniz Barretto de Carvalho, para publicação pela Universidade Federal do Triangulo Mineiro - UFTM.
Este livreto fez parte do projeto do RENAFOR do ano de 2014.
Publico aqui para dar acesso a mais pessoas interessadas na área!

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O assunto é:
O tema deste livreto é a pintura na Educação Infantil.
O título Lambuzando de arte: pintura na infância revela muito sobre o tema, ou seja, mostrar que as tintas permitem à criança um contato próximo da arte, da expressão individual e coletiva da arte.
Na diversão que é pintar, os pequenos se sujam, molham-se, mancham-se ou se “lambuzam” de arte!



Foto 1:Criança se lambuzando de arte.
http://www.dicaspramamae.com/2012/03/crianca-tem-que-se-sujar.html

A criança, antes mesmo de escrever ou organizar as frases em sua fala, é capaz de se expressar por meio das formas e das cores.
As cores saem das pontas dos lápis e dos pincéis e ganham vida exprimindo o que ela sente e o que deseja.
A expressão visual é a primeira “fala” registrada dos pequenos.

Não há idade restritiva para pintar.
Crianças, adolescentes, adultos, idosos amam ver as cores surgindo numa superfície.
É claro que há tintas próprias para cada idade e é nesta parte que o educador precisa tomar cuidados.
Há tintas tóxicas e tintas naturais, há tintas que mancham e dão muito trabalho para “sair” e aquelas que duram pouco tempo.
É necessário conhecer, experimentar as tintas e adequá-las à sua proposta pedagógica.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil dedica parte do volume 3 – Conhecimento de mundo – às artes visuais.
Dividido por faixas etárias, o manual refere-se às atividades de desenho, à pintura e a outras técnicas expressivas.
Neste livreto,falaremos do processo da pintura como um todo, porém nosso foco maior serão as técnicas que podem ser usadas com maior sucesso para os pequenos, mas nada impede que sejam utilizadas pelos maiores.
O RCNEI ressalta a importância da arte na infância e nós acreditamos nisto.

O tema pintura ainda é visto com algumas ressalvas por alguns educadores que se incomodam com a desorganização aparente e com grande paixão por outros educadores que permitem a expressão e entendem que a formação se faz com muita alegria.
Acreditamos que a atividade da pintura na Educação Infantil permite grande crescimento emocional, social, físico, psicológico, dando liberdade à criança e permitindo a aquisição de conhecimentos.


24 de novembro de 2015

ARTETERAPIA

ARTETERAPIA

A arte com valor terapêutico passa a ser reconhecida no século XX, quando é utilizada em seções clínicas, sendo posteriormente reconhecida como campo profissional.
Mas foi com Carl Gustav Jung (1875-1961), psicólogo e psiquiatra suíço, que os processos de simbolização tomaram corpo na pesquisa arteterapêutica.
Jung foi discípulo de Sigmund Freud, entretanto se influenciaram mutuamente (GRINBERG, 2003).
Jung, acreditando na autonomia do inconsciente, desenvolve um método para decifrar o significado das imagens e passa a utilizar a arte como parte do seu tratamento psicoterapêutico.
Ele considerava as imagens como formas de simbolização do inconsciente individual ou coletivo.

[...] a linguagem do inconsciente é imagética: trata-se do pensamento não dirigido, em contraposição ao discurso da consciência, que usa a linguagem verbal do pensamento dirigido. O inconsciente se expressa por meio de símbolos, que, por sua vez, exprimem da melhor maneira possível algo que é relativamente desconhecido pela consciência (CAVALCANTE, 2009, p. 29).

11 de novembro de 2015

Oitavo encontro – tem um pote de ouro

Oitavo encontro – tem um pote de ouro

Técnica aplicada: criação de personagens
Objetivo: Utilizar a música para possibilitar o sentir, o recordar, o expressar, o criar e o auto-realizar trazendo boas lembranças da infância; Fomentar a socialização e desenvolver a coordenação motora; Oferecer através da modelagem de massinha a oportunidade de expressão aos idosos internados; Propiciar o vínculo entre participantes/participantes e participantes/terapeuta.
Material: Toca Cd e músicas, Bonecas de papel,Tampinhas de plástico, massinha, sementes e predarias para mandala
Descrição: Audição, canto e gestos a partir de música. Conversa sobre boneca e criação com boneca de papel. Criação com os personagens. Confecção de mandala com massinha. Audição de música e canto.
Comentário: Atribuição de novos significados à vida




Havia chovido pela manhã e dado uma pancada bem forte no início da tarde. A oficina na varanda estava ameaçada a não acontecer. Poucos idosos se encontravam na varanda. Então outro local foi ocupado para a realização da oficina: à sala de TV. Com dificuldade a cuidadora levou os idosos que não se movimentam a sala de TV. A maioria não se locomove se não tiver apoiada.
A sala de TV ficou bem bonita! Cheinha de gente. Lá estavam duas internas deitadas em poltronas (Cinza e Grená) fora do mundo, e lá ficaram. As demais foram se acomodando em sofás carregados pelas cuidadoras ou cadeiras. Tinha um novo interno que se locomovia e falava bem: Sr. Lilás.
Iniciou-se com uma música “Boneca de lata”. A música foi acompanhada de gestos. Todos ouviram com atenção e alguns conseguiram acompanhar fazendo gestos. Os olhos brilhavam e cantaram juntas! Cantou-se mais de uma vez.


Uma boneca de papel foi apresentada para cada uma delas/e. Então cada um pegou uma bonequinha e também um envelope com roupinhas. Do lado de fora do envelope havia o desenho de um cabide de roupas. Foram incentivados a escolherem uma das roupas para vestir na boneca.
Depois que escolheram foram auxiliados a “vestir” a roupinha nas bonecas. Conversou-se sobre o nome da bonequinha e cada participante foi inventado um nome para sua bonequinha. Foi muito interessante, pois, ora a boneca tinha o nome da própria “dona”, ora tinha nomes muito diferentes.
Depois foi a vez de saber onde estava a boneca. Todos participaram falando:
– Está na roça
– Está fazendo compras.
– Está passeando com o cachorro
– Está fazendo nada como eu aqui, não faço nada.
– Não está em lugar nenhum, pois a enxurrada levou embora.
Conversou-se sobre as respostas. Foram respostas muito interessantes pois eles se colocaram mesmo na imaginação e com coração.
Depois convidou-se a colocar a boneca para dormir e fechassem os olhos para ouvir a música. Falou-se:

– A boneca vai sonhar. Sonhou que estava andando num jardim muito bonito, cheio de flores e passarinhos (a música tinha sons de passarinhos). Neste jardim tinham muitas flores, de muitas cores. A boneca escolheu uma flor e a apanhou. Sentiu o perfume da flor e... acordou.
Tudo foi descrito bem devagar e quando abriram os olhos foram convidados a contar que flor pegaram e para quem dariam aquela flor.
– Flor rosa. Daria para minha irmã.
– Para meu filho.
– Eu não peguei uma flor, eu peguei uma bolsinha e fui fazer compras.



A atividade plástica foi a confecção de uma “imagem” com massinha, pensando na boneca, nas flores, no tempo de criança... o que tivessem sentindo ali. Que colocassem no suporte oferecido cores das flores, as cores do sonho. Que apertassem vagarosamente as massinhas preenchendo todo os espaço. Depois sementes ou pedrarias foram oferecidas para que colocassem no seu trabalho.

Ao terminarem cada um “escolheu um nome” para sua produção. Surgiram nome de flores e nomes de pessoas. Dona Verde, bastante crítica, disse:
– “Porcaria” .
Para finalizar o encontro cantou-se novamente. E Rosa escondeu seu trabalho perto dos seios.


Sétimo encontro – uma estrada com sete cores

Sétimo encontro – uma estrada com sete cores

Técnica aplicada: Construção de caixa self box
Objetivo: Trazer boas lembranças da infância (emocional) e fortalecer a memória (cognitivo). Fomentar a socialização e desenvolver a coordenação motora (físico).
Material: teclado, aparelho de som e CD, caixas, recortes de palavras e imagens, cola, pequenos brinquedos, massinha.
Descrição: Após canto e audição de música, confecção de caixa com recortes e objetos – caixa Self Box.
Comentário: Valorização de experiências pessoais e suporte para compartilhar sentimentos e emoções durante as vivências.



Algumas idosas não estavam na casa: Senhora Marrom e Dona Violeta. Laranja estava de volta ao Hotel Geriátrico, mas no quarto. Na mesa haviam muitas revistas na qual os idosos estavam folheando com satisfação.
Desta vez um teclado havia sido trazido para a oficina. Os olhares para o instrumento foram instigantes.
A música tocada foi logo identificada por todos com felicidade: Atirei o pau no gato! Todos cantaram. A música foi tocada várias vezes variando os tons e os instrumentos do teclado (recurso de um dos botões do aparelho). Eles adoraram.
Então uma história em versos foi lida: história de um gato xadrez. Uma música tocou em seguida com o objetivo de relembrar momentos bons da infância.
A música “Jesus alegria dos homens” emocionou Senhora Vermelha e Rosa.

A proposta plástica do dia era a confecção da caixa - Self Box: uma caixa onde seriam colocadas recordações do tempo de criança. Esta caixa é como um pequeno baú de tesouro, o nosso tesouro de criança.
A música continuou tocando, agora com sons da natureza, passarinhos. Uma caixinha com vários brinquedinhos foi oferecida para que cada um escolhesse algo que lembrasse a infância, o tempo de criança. A caixa passou lentamente de mão em mão. Senhora Laranja veio do quarto e escolheu um aviãozinho. Rosa escolheu uma bonequinha. Dona Violeta pegou uma bonequinha também. Dona Branca, rapidamente e sem hesitar, escolheu uma bonequinha. Senhora Vermelha pediu para outra pessoa escolher para ela.
- Vou demorar muito para escolher - disse Senhora Vermelha.
Ela escolheu um aviãozinho e começou a fazer barulho com a boca e com as mãos como se o avião estivesse voando. Dona Verde que estava ao lado também escolheu o aviãozinho. Verde Claro, a última da mesa, escolheu uma bonequinha.


A musica havia trocado de faixa e agora começava a tocar uma música com flauta do som dos Andes, uma música para meditação. Neste momento o senhor Preto que nunca participou das atividades, mas que fica sentado ao canto da varanda, parece que começou a se sentir incomodado e começou a falar alto coisas sem sentido. Depois começou a falar que já estava bom, que podíamos ir embora.
– Vão para suas casas. (foi o que deu para entender)
Partiu-se a escolha de recorte de palavras ligadas a infância, para colocar nesta caixinha. Imagens também podia ser escolhidas.
Laranja levantou-se e se retirou da sala. Rosa manifestou vontade também de ir embora e uma cuidadora a impediu. (a cuidadora ameaçou Rosa com gestos como se falasse em bater nela!) Rosa deitou-se no sofá e se encolheu.
As outras idosas lentamente foram escolhendo as palavras. Dona Verde com bastante entusiasmo foi escolhendo e colando na caixa Dona Violeta quis colar as palavras do lado de fora da caixa. Verde Claro, depois de insistência, acabou escolhendo a palavra festa e escolheu a imagem de pessoas sentadas, pessoas num bar. Senhora Vermelha, colou no fundo da caixa suas imagens e virou a caixa para si como se fosse uma casinha. Levantava a tampa da caixa e pousava lá dentro seu aviãozinho.





A música havia trocado de faixa, agora tocava uma música de nome Rejuvenecer do “ML MUSICOTERAPIA LUZ”. Neste momento o sr Preto ficou agitadissimo. Saiu da varanda, e continuou falando:
– Já esta bom, vão embora.
Nenhum outro participante se incomodou com a música. Estavam envolvidos na proposta de construção da caixinha.
Foi oferecida massinha para que modelassem o que se quisesse para colocar em sua caixinha. A sugestão era que modelassem brinquedos de criança. A conversa foi sobre o que brincavam quando eram crianças... e as respostas foram surgindo: bola, bambolê, pular corda. Dona Branca participou bastante na fala, mas não conseguiu fazer a modelagem. Queria fazer uma corda para pular. Falei a ela para esticar a massinha com os dedos. Rosa, que estava deitada levantou-se, mas negou-se a fazer. Uma garotinha (visitante) que estava na varanda olhava tudo e pediu para ajudar e fez uma peteca para Rosa. Fez para Rosa, depois fez para Dona Verde. Dona Violeta amassava cuidadosamente sua massinha.


Dona Verde ria de sua caixa. Verde Claro apenas abriu uma massinha. Colocamos as confecções na caixinha. Foi solicitado que olhassem para sua caixinha de recordações de criança.
A música “Atirei o pau no gato” foi tocada no teclado novamente. O sr Preto estava neste momento sentado à mesa perto do teclado. Talvez havia se aproximado quando a música do CD terminou. Ao início da música o sr Preto começou a cantar. Quando terminei a música ele bateu palmas e agradeceu! Ficou ali por mais um tempo ao nosso lado. Então resolvi tocar novamente, e cantamos.
Os olhos da garotinha estavam fixos no teclado. Ofereceu-se para ela experimentar as teclas, e ela apertou algumas. Oferece-se também para todos os participantes apertarem as teclas. Fui muito interessante. Senhora Vermelha negou-se mas depois achou muito bom. Tocou várias vezes. Dona Violeta experimentou como se já houvesse tocado antes.


9 de novembro de 2015

Sexto encontro – surge o sol e o arco Iris

Sexto encontro – surge o sol e o arco Iris

Técnica aplicada: confecção de boneca bebê
Objetivo: Utilizar a música para expressão, resgate da memória popular e elevar a autoestima; Relembrar histórias infantis e verificar o grau de recepção desta.– proporcionar a expressão da afetividade na confecção de boneco bebê.
Material: Violão, cabeça de boneca, garrafa de água, tecido, carimbo, tinta de tecido, fitas e rendas
Descrição: Audição e canto de música com violão. Contação de história. Canto de músicas infantis – de ninar. Confecção de boneco bebê: carimbo no tecido – construção de boneco. Conversas com o bebê.
Comentário: Grande estímulo à afetividade e boa recepção à boneca bebê


A oficina começou ao som de violão. A música tocado foi “Serenô”. Senhora Vermelha e Dona Verde acompanharam cantando com bastante entusiasmo. Azul justificou que não conhecia, mas acabou cantando. Incentivou-se a cantarem, falando – “Agora é a vez de ...”
Dona Violeta e Azul Claro não quiseram vir para a varanda mas ficaram na sala escutando e olhando atentamente. Senhora Marron estava tomando banho e Rosa estava no quarto. Sr. Amarelo estava sentado na sua poltrona de costume, ouvindo atento o som do violão, sem chingar.
Hoje Cinza estava sentada à mesa. Ela está sempre muito afastada do grupo em outra sala, deitada. Ela não fala e nem consegue ter movimentos próprios, pois treme excessivamente. Tem o olhar constantemente distante.
A conversa com o grupo foi sobre história para ninar. Perguntou-se se conheciam a história do sapo que foi na festa do céu. Não conheciam. Então a história foi contada com dramatização na voz (ora a voz do sapo, ora a voz do urubu) e nos gestos. Dona Verde ficou atenta a história e até ajudou no desfecho.

O pessoal foi convidado a cantar mais uma música acompanhada do violão: “Boi da cara preta”. Adoraram! Todos cantaram lembrou-se de outras cantigas de ninar.
Aproveitando o assunto os idosos foram convidados a confeccionar um boneco bebê. Um tecido azul e outro rosa foram colocados na mesa para inicialmente serem enfeitados utilizando carimbos de florzinha, coração, passarinho, lembrando dos motivos das roupinhas de criança. Dona Verde e Dona Violeta logo participaram, pegaram os carimbos com entusiasmo. Quando o coração ficou estampado no tecido, Dona Verde exclamou:
- Olha, é um coração!

As outras (Senhora Vermelha e Dona Branca) não se dispuseram a atividade. Havia dificuldade para entender a proposta e foi sugerido que utilizassem as pontinhas dos dedos para “pintar” o tecido. Dona Verde arriscou alguns pontinhos no tecido seguida por Azul.
A boneca bebê começou a ser confeccionada pela cabecinha que era encaixada na garrafa. A conversa girava em torno das necessidades de um bebê. Neste momento Dona Branca falou com bastante entusiasmo que isso ela sabia bem, pois ela era a mais velha da sua família e havia cuidado de todos seus irmãos. Era necessário colocar uma toquinha no bebê, sugeriu alguém.



Cada participante segurou sua boneca enquanto o tecido e as fitas RAM disponibilizadas. Uma pessoa ajudou a outra a amarrar as toquinhas. Dona Verde e Dona Violeta não resistiram e antes mesmo da conclusão da boneca começaram a conversar com o “bebê”.
O tecido que havia sido estampado com os carimbos serviu para ser o “cuero” dos bebês.
Foi uma festa! Todas queriam conversar com seu bebê, dar nomes a eles.
– “O meu chama-se Gustavo” disse Dona Verde
– O meu tem um nome francês... disse Violeta.
Mas como não se lembrava um nome Senhora Vermelha sugeriu:
– Pierre!
Os nomes foram surgindo: Chiquinho, Henrique... Senhora Vermelha olhava para o bonequinho e lembrava-se de uma música:
– Olhos azuis, olhos azuis.
A reação de ternura foi muito grande. Uma cuidadora disse que queria levar para casa um bonequinho também. Rosa que estava na sala ao lado da varanda ganhou uma boneca bebê já pronta. Ela perguntou:
– Quanto é?
Ao saber que estava ganhando um presente ficou muito feliz e logo levou o “bebê” para seu quarto, para guardar.
Um bonequinho foi colocado no colo de Cinza e ela olhou profundamente para o “bebê”.
Neste momento Senhora Marron chegava do banho em uma cadeira de rodas e também recebeu um “bebê”. Ela abraçou o boneco bem junto a seu peito.
Cantou-se mais uma vez para os “bebês” cantigas de ninar.

Quinto encontro – A chuva começa a amenizar

Quinto encontro – A chuva começa a amenizar

Técnica aplicada: modelagem dê símbolos com massinha
Objetivo: Utilizar a música para possibilitar o sentir, o recordar, o expressar, o criar e o autorrealizar. Oferecer através da modelagem de massinha a oportunidade de expressão aos idosos internados. Propiciar o vínculo entre os participantes e terapeuta.
Material: Toca Cd e músicas – microfone. Prancheta, papel, massinha colorida
Descrição: Audição de música (bolero) e conversa sobre lembranças que esta música traz. Canto de música com a utilização de microfone. Canto de outras músicas de repertório dos idosos. Modelagem com massinha.

A casa estava bastante tranquila. Encontrou-se alguns idosos, como sempre, na varanda, porém ouvia-se uma música suave no ambiente. Uma das cuidadoras estava na varanda separando remédios e ao seu lado estava Azul Claro, que pela primeira vez estava sentada. Senhora Laranja estava meio tristonha. Contou-nos que havia perdido uma irmã:
– Agora estou só, não tenho mais ninguém!
Inicialmente foi colocada músicas para ouvirem e cantarem: bolero. A música “Besame mucho” era conhecida pela maioria. Um microfone (sem funcionamento) foi passado de um em um, para que cantassem um trecho da música. Deu certo, todos cantaram! Todos!
Conversou-se sobre o que a música estava falando e sugeriu-se que cada um desse um beijo num amigo/a da casa. Foi grande a receptividade da proposta! Cantou-se novamente. As cuidadoras também participaram.
Outra música foi tocada: “Nesta rua tem um bosque”. E novamente o microfone passou de mão em mão! O ambiente estava tranquilo. Embora houvesse confusão em alguns versos, muitas risadas foram dadas. A cuidadora sugeriu “Atirei o pau no gato”.



Após a atividade de canto sugeriu-se trabalhar com as mãos e com a cabeça: modelar com massinha. A mesa desdobrável foi colocada perto dos sofás onde estava a maioria dos idosos.
Os idosos logo fizeram bolinhas e bastões. Todos fizeram. E fizeram bastões bastante compridos até com o uso das duas mãos. Violeta fez o maior. E também enrolou o bastão. A imaginação começou a fluir. Azul fez uma “cesta” – usou o verde e amarelo e comentou: bem brasileiro!
Dona Verde fez uma bengala e depois um chapéu. Queria fazer o chapéu de Charles Chaplin, e reclamou que não sabia como fazer! Mas depois fez.
Rosa exclamou: é a minha rua do bosque. É um prato com comida.
Senhora Vermelha fez a espiral e não quis fazer mais nada. Senhora Laranja elaborou, mas não quis comentar. Depois acabou fazendo a letra inicial de seu nome. Violeta começou fazendo uma trança e toda animada tentou com várias cores. Depois viu que não ia conseguir juntou tudo e disse: isso parece uma galinha. Foi só risadas. E depois disse:
- Mas vou fazer um pássaro.
Pediu um palito para fazer os detalhes dos olhos. E ficou um bom tempo tentando, fazendo texturas na massinha.



Senhora Marron e Sr. Amarelo desta vez ficaram apenas observando ao longe sem gritar ou reclamar. Quando o microfone foi levado até Senhora Marron e ela cantou. Sr. Amarelo se recusou a cantar. Azul Claro não ficou na varanda. Rosa nem sequer apareceu. Informaram que Laranja já não estava na casa. Senhora Vermelha estava bastante distante. Na hora da música cantou, mas não quis fazer mais nada.

3 de outubro de 2015

Quarto encontro - começa a chover, porém com trovoadas

Quarto encontro – começa a chover, porém com trovoadas

Técnica aplicada: audição de música, confecção de instrumento musical e confecção de mandala com pedrarias.
Objetivos: utilizar a música para busca de prazer, estímulo à expressão artística e memória, estimulo motor e relaxamento promovendo a oportunidade de expressão e vínculo entre os participantes.
Materiais: músicas, toca CD, recipientes para confecção de chocalho, miçangas, massinha de modelar
Descrição: audição e canto de música, acompanhada de movimentos com chocalho confeccionados pelos internos. Confecção de mandala com pedrarias em massinha.



Detalhamento:
A proprietária da instituição comprou uma mesa desmontável e leve para os trabalhos com os idosos.
A oficina iniciou-se com a audição de uma valsa, pedido feito por Dona Branca no encontro passado. Ela não se lembrou do pedido. Todos ouviram com bastante atenção. Senhora Vermelha se emocionou e elevou as mãos para fazer o gesto do bailado. Sra. Azul Claro, pela primeira vez, apareceu na varanda da oficina (ela anda o tempo todo de cabeça baixa e não se comunica com ninguém) e ficou perto. Então suas mãos foram pegas, brincou-se de “dançar” com ritmo de valsa. Parada no lugar, ela respondeu ao estímulo da música com os pés. Ela estava sentindo a música e queria bailar, movimentando os pés.

Senhora Laranja tirou outra colega para dançar. Senhora Marron reclamou que estava amarrada e queria que a soltassem. Sr. Amarelo estava na sala próxima da varanda e também começou a gritar que queria ajuda para se locomover até a varanda. As cuidadoras levaram-no para a varanda, porém longe das outras que estavam à mesa.
Após o término da música um potinho decorado foi oferecido para cada participante numa uma bandeja, para que pudessem escolher. Dona Verde logo que pegou, balançou pensando que havia algo dentro. Não tinha. A segunda a escolher foi Senhora Laranja que balançou para fazer barulho! Dona Verde ficou decepcionada e foi explicado que todos teriam algo para colocar dentro do potinho para fazer barulho! Assim que todos pegaram o potinho, uma caixa com pedrinhas, sementes e miçangas foi colocada à disposição para que escolhessem o que colocar no potinho. Muitos disseram – qualquer um. Foi insistido que escolhessem a cor, o formato. Logo foram sendo colocados dentro dos potes e eles foram fazendo os “barulhinhos”. Havia bastante satisfação em seus rostos!

Perguntou-se à Senhora Vermelha se conhecia um passarinho que se chamava cuco. Ela fez que sim com a cabeça, muito feliz (ela gosta muito de passarinhos). Logo Dona Verde matou a charada e foi cantando:
- “Cuco, cuco, o passarinho do relógio ta maluco”! – Cantaram a música e fizeram o ritmo com os potinhos. Todos que estavam à mesa estavam bastante envolvidos. Neste momento Senhora Marron reclamou muito e pediu que a desamarrassem dali! Não foi atendida. A cuidadora justificou que ela cai muito. Sr. Amarelo, sentado mais longe, também não participou, ficou olhando, olhando longe!

A campainha tocou e logo chegou a filha de Senhora Vermelha. Ao ver a mãe emocionada com a música, ficou um pouco desconcertada. Senhora Laranja sugeriu outra música – “Pirulito que bate bate”. Cantou-se e fez-se o ritmo com os potinhos. Mais algumas músicas foram cantadas.

Após esta atividade rítmica distribuiu-se uma massinha feita com farinha na cor azul com a instrução de que a manipulassem, fizessem bolinhas, massagem para as mãos.
Foi colocada uma prancheta na frente de cada um e Rosa amassou a bolinha na prancheta. Foram feitos incentivos para que os outros também fizessem o mesmo, ou outros movimentos na massa. Sugeriu-se que colocassem enfeites nesta massinha e fui logo dispondo de mais peças, pedrarias, além das que estavam dentro dos potinhos! Laranja e Dona Verde fizeram rapidinho. Laranja falou:
- Gosto simples. Não quero muita coisa!

Senhora Laranja perguntou se poderia colocar algo ao meio. Rosa enrolou a massinha e colocou dentro de seu potinho. Depois alguém a incentivou a fazer novamente.
A visitante, neste momento, resolveu intervir e “ajudar” a mãe que até então não havia colocado nenhuma pecinha em sua massinha. Dona Branca fez seu trabalho bem quietinha, colocou uma semente que estava dentro de seu potinho e também as florzinhas que enfeitavam o potinho.

Os trabalhos realizados foram recolhidos. Rosa não quiz entregar seu trabalho:
- É meu, vou guardar.

A valsa foi tocada mais uma vez para finalizar o encontro. Senhora Laranja fez o pedido da próxima música: bolero.

7 de setembro de 2015

Terceiro encontro – pode chover

Terceiro encontro – pode chover

Técnica aplicada: audição de música e frotagem
Objetivo: resgatar a autoestima e estimular a criatividade
Material: aparelho de som, papel branco, giz de cera e papel em relevo para frotagem
Descrição: Audição de música com temática - Tango. Breve momento lúdico com dança. Realização de técnica de frotagem e colagem.
Comentário: apesar da dificuldade houve um bom envolvimento dos participantes. As queixas de “não consigo” diminuíram.


senhor amarelo fazendo a técnica de frotagem

Detalhamento:
Novamente a varanda foi arrumada com as cadeiras em círculo para que as pessoas não ficassem sem ver umas as outras. As “cuidadoras” foram solicitadas a auxiliar a aproximação dos participantes que não se locomovem sozinhos.
Tinha uma novata na casa - Dona Laranja. Senhora Vermelha estava bastante debilitada, nem conseguia se arrumar na cadeira, mas quis sentar-se à mesa. As demais ficaram sentadas nos sofás ou cadeiras. Dona Marron assistiu boa parte da oficina amarrada numa cadeira, distante, e pedia a todo momento que a tirassem dali. Depois de muito insistir sentaram-na à mesa e ela pode produzir.

A cuidadora perguntou do TANGO. E logo os olhos de Sr. Amarelo brilharam!
A primeira música tocada foi: “El dia que me quieras”. Senhora Vermelha cantou emocionada. Apenas ela cantou. E como cantou.
Aos poucos os idosos foram reconhecendo as músicas e comentando – É Gardel!
Então Dona Verde foi tomada pelas mãos e brincou-se de dançar. Outras pessoas olhavam alegres, mas se recusavam a “dançar”:
– Eu não consigo, eu não ando.



As mãos das pessoas que estavam sentadas foram balançadas, como se tivessem dançando. E as mãos de todos, um por um foi movida no ritmo da música. Por fim Senhora Vermelha quis dançar com Dona Verde.
Alguém lembrou do passarinho, talvez da caixinha do passarinho.
A caixa foi aberta e cada um escolheu uma imagem de tango, dançarinos ou artistas.
Dona Violeta não gostou das imagens, esboçando que seriam ousadas demais, mas acabou escolhendo uma imagem apenas com dois rostos de dançarinos.



Após perceber-se que não haveria sucesso em sentá-los à mesa, colocou-se uma prancheta no colo de cada participante e uma folha de papel.
A proposta teve a seguinte explicação: Às vezes nossa vida fica muito branca, sem cor, sem vida e a gente não enxerga nada. É preciso colorir a vida para enxergar as coisas boas.
Colocou-se um papel com relevo de flores por baixo do papel branco e ensinou-se que passando o giz de cera “deitado” na folha branca, as formas de flores em baixo, escondidas, apareciam.

O trabalho foi feito com cada um, pegando na mão, mostrando como ficava o giz de cera e a pressão necessária para colocar nele.
– Há, tem que colocar um pouco de força! – Disse Dona Verde.

A cada participante foi oferecido um giz de cera e solicitado que escolhessem a cor que gostavam ou que combinava com seu trabalho. Eles podiam escolher mais de uma cor, caso quisessem, mas poucos mudaram de cor.

– Gosto de coisa simples, disse Senhora Laranja, uma cor só mesmo.

Aos poucos foram entendendo a proposta e coloriram a folha toda. Alguns não quiseram e fizeram em apenas uma parte do papel mesmo. Senhora Marron que estava amarrada, foi colocada à mesa e coloriu a folha com prazer. Usou até duas cores.

Uma idosa mostrou para a outra seu trabalho e foi incentivado que mostrassem suas produções.
O trabalho foi finalizado com o assunto música do próximo encontro. Dona Branca pediu valsa.

30 de agosto de 2015

Segundo encontro – conhecendo o céu

Segundo encontro
Técnica aplicada: colagem em papel circular - foto e EVA
Objetivo: proporcionar auto imagem e elaboração da primeira mandala
Material: foto dos participantes, papel cartão cortado em círculo, cola, pedaços de EVA

Descrição: Após canto de músicas de repertório infantil, realização de colagem com foto em papel circular e enfeite com pedacinhos de EVA.
Comentário: Notou-se grande dificuldade de manusear materiais artísticos, mas notou-se vontade de tentar realizar o solicitado.



Detalhamento:
A varanda foi arrumada com as poltronas, cadeiras e sofás em círculo. Desta vez tinham 8 participantes próximos, dois sentados “amarrados” mais distantes e uma andando sem interagir. As cuidadoras fecharam a porta da varanda, talvez para evitar que os idosos saíssem dali.
Iniciou-se uma conversa sobre músicas do tempo de criança. A música “Alecrim” foi ouvida e depois cantada por eles.
Senhora Vermelha se emocionou muito e até chorou. Poucos conheciam a música, mas gostaram de ouvir e cantaram um pouco. Outra música foi colocada: “O cravo brigou com a rosa”. Todos gostaram e também cantaram. Conversou-se sobre outras músicas e a participação começou.
Cantou-se em coro: “Bota aqui seu pezinho”, “Ciranda cirandinha”, “Jardineira”. Um participante após outro foi sugerindo uma música. E todos cantavam. Até Rosa que dizia não saber nenhuma música se manifestou e sugeriu uma canção.




Uma participante lembrou que naquele dia o passarinho (beija flor) não havia aparecido – choveu o dia todo. Então mostrou-se a caixinha com, na tampa, um beija flor. Pediu-se que cada um dos participantes pegassem de dentro da caixinha uma fotografia, a sua fotografia.
“– É, sou eu!” Diziam os participantes ao encontrar sua foto.
Apenas Dona Verde não gostou de sua foto. – “Estou muito feia”.
Para os que não haviam participado da vez anterior foram oferecidas flores recortadas e eles escolheram uma para si. Pressentindo que não iriam se levantar para dirigir-se até a mesa para fazer a atividade plástica, foi distribuído a cada um, ali mesmo, um papel cartão cortado na forma circular.
Explicou-se a proposta de colagem da sua foto e de pedacinhos de E.V.A. A dificuldade de locomoção dos participantes fez com que, primeiramente, se passasse cola na foto de cada um deles. Mesmo com a sugestão de que eles colassem a fotografia no lugar onde quisessem no papel circular, vários colaram ao centro do papel. Durante a confecção da colagem ouvia-se músicas bem suaves.
Pedacinhos de E.V.A. previamente cortados foram distribuídos para “enfeitar” o papel em círculo. Os recortes estavam em uma caixinha de madeira, numa cadeira no centro da “roda”. Senhora Azul pegou vários pedacinhos, à vontade. Outros participantes nem sequer escolheram as cores dos retalhos de E.V.A. Alguns foram logo colando na extensão de toda lateral do círculo outros em apenas alguns lugares.



Senhora Vermelha resolveu passar o dedo na cola e retirou toda a cola do círculo. Após a insistência de que ela colasse algum pedacinho de E.V.A., ela pegou três bolinhas vermelhas apenas e colou perto de sua foto. Dona Verde não gostou de sua foto. Reclamou novamente que ela estava feia. Queria colar uma flor ou outra imagem qualquer. Foi dada a ela uma caixa com pequenas imagens e ela escolheu a imagem de um cavalo. Depois disso ela enfeitou seu círculo com alguns pedaços de E.V.A.
Após este trabalho conversou-se um pouco sobre coisas boas e bonitas. Cada um falou uma palavra. Alguém lembrou-se da mãe e todos falaram o nome de suas mães.
Já no final, quando todos já haviam feito a colagem, uma música com sons de passarinhos tocou e Senhora Vermelha falou: “-- Ele veio!” Pensando que fosse o “nosso beija flor”.
Rosa falou – “É mesmo, mas é do aparelho!”
O trabalho foi finalizado com a pergunta de que música gostariam de ouvir da próxima vez. Sr. Amarelo pediu um tango.
Dona Verde pediu músicas de Carlos Gardel.

25 de agosto de 2015

Primeiro encontro - nem sol nem chuva

Primeiro encontro – nem chuva nem sol

Técnica aplicada: caixa do beija flor e colagem
Objetivo: conhecer os participantes e dar a eles oportunidade de se sentirem bem
Material: caixa com dobraduras de coração, gravuras de flores, cola, caneta hidrocor
Descrição:
Conversa sobre o que significa quando um beija flor entrava em casa. Retirada da caixa “beija flor” um coração de dobradura e oferta a cada interno. Escrita do nome de cada pessoa em folha de papel e solicitação que escolhessem uma flor para colar ao lado de seu nome.
Comentário: O trabalho serviu como aproximação aos internos



Detalhamento:

Os idosos encontravam-se sentados em sofás, cadeiras ou poltronas na varanda da instituição (alguns amarrados).
Havia no local uma grande mesa com cadeiras.
Iniciou-se perguntando se eles já tinham ouvido dizer o que significava quando um beija flor entra em nossa casa.
O acreditado aqui era que as oficinas de arteterapia trouxessem o prazer da alegria (em muitos lugares a presença do beija flor significa alegria).
Retirou-se de uma caixinha com um beija flor estampado na tampa um coração de dobradura que foi dado a cada interno da casa.

Então ouviu-se vários comentários:
– Aqui sempre vem beija flor!
– Eu gosto de beija flor!




Depois de ser perguntado a cada um o nome escreveu-se o mesmo em uma folha de papel.
A impressão era de que gostaram de ler seu nome ali.
Comentou-se que para que o beija flor viesse sempre até eles era bom ter sempre flores.
Mostrou-se algumas imagens de flores que em seguida foram nomeadas em várias tentativas: rosa, cravo, beijo, margarida, orquídea...



Sugeriu-se que se sentassem à mesa para que colassem flores perto do nome, na folha de papel.
Porém os idosos entreolharam-se e não se moveram. Sentados nos sofás permaneceram.
Com um pouco de insistência conseguiu-se que alguns dos participantes se sentassem à mesa, mas ao som de afirmativas de que não sabiam, que não conseguiam fazer nada e que as mãos eram muito tremulas.
Afirmou-se que seriam auxiliados, que eles escolheriam as flores e seriam ajudados com a colagem.
Foi mostrado que também havia lápis de cor e se quisessem, poderiam colorir.



Enquanto isso, várias tentativas de conversa foram feitas: quem havia escolhido o seu nome (pai, mãe, avó), quem eram os irmãos, filhos e sobrinhos.
Neste momento foram colocadas músicas do artista Altamiro Carrilho e alguns até cantaram.
No final do trabalho escutou-se o comentário:
“aqui é muito parado, é bom para a gente ter o que fazer”.

20 de agosto de 2015

Descrevendo as técnicas de arteterapia: caminhos do arco íris

Descrevendo as técnicas de arteterapia: caminhos do arco íris

O arco celeste, ou arco da chuva, enfim o arco íris é um caminho colorido no céu. A estrada se faz quando restam algumas gotinhas de chuva e o sol surgiu novamente. O mais emocionante é que o arco-íris aparece quando metade do céu ainda está escuro e com nuvens de chuva e o observador está em um local com céu claro.
Assim é o caminho da arteterapia, parece mágica!

O local do trabalho arteterapeutico - espaço entre chuvas e sol

Arteterapia não é passatempo e nem aula de arte. Fazer arte por si só não é um processo terapêutico. É difícil as pessoas entenderem que arteterapia não é terapia ocupacional.
Foi com o objetivo de realizar um trabalho arteterapeutico que procurei o Hotel Geriátrico. Acabei conhecendo a instituição por ter uma tia que utilizou momentaneamente os cuidados da enfermagem daquele local.

O Hotel Geriátrico é uma casa com vários quartos, duas amplas salas, uma varanda e outras dependências. Instalada em um bairro residencial tem um aspecto externo de uma casa de família.

Na casa hospedam-se mais de 10 pessoas, todas com algum tipo de demência senil, atendidos por uma enfermeira e cuidadoras. Os internos têm cuidados com a higiene pessoal e alimentação regular, porém não possuem outra assistência a saúde mental.

Quando propus à dona da casa o desenvolvimento do trabalho de arteterapia, ela esboçou um sorriso concordou com o “passa tempo aos velhinhos”. Senti que não ia adiantar explicar a diferença de arteterapia e terapia ocupacional e a convidei a participar para “entender” o processo. Muito ocupada não conseguiu participar nenhuma vez.

Meu trabalho com os idosos iniciou com os objetivos de apresentar a proposta da arteterapia, conhecer os participantes, dar a eles oportunidade de expressão e propiciar o vínculo entre eles.

Nos primeiros encontros fui tomando consciência da limitação dos idosos e fui adaptando as atividades. As mãos tremulas dos internos e sua própria descrença da capacidade de produzir algo foi um grande desafio para mim.

Depois percebi que a música podia ser uma grande aliada ao trabalho e utilizei a música para busca de prazer, estímulo à expressão artística e memória, estímulo motor e também como uma forma de relaxamento.

Descrevo aqui os oito encontros que me foram permitidos com os idosos internos na instituição.


Minha monografia do curso de Arteterapia

Estarei publicando aqui, por partes, um capitulo de minha monografia do curso de Pós Graduação em Arteterapia.
O capitulo é o relato de minhas experiencias com estágio em Hotel Geriátrico na cidade de Uberaba.
Neste capitulo comparo cada seção do estágio ao tempo, chuva, sol e o nascer de uma arco-íris.
Foi uma forma poética que consegui ver meu encontro com os idosos internos!

8 de julho de 2015

Curso de Arteterapia em Uberaba

Estou fazendo uma pesquisa se há interessados em fazer pos graduaçao em Arteterapia na cidade de Uberaba.
Tem interesse? Conhece alguém que se interessa?
Escreva para carvalhoelisa@hotmail.com

17 de junho de 2015

Aulas de desenho em Uberaba

As aulas de desenho acontecem uma vez por semana, com uma aula de uma hora e meia de duração. Durante as aulas forneço o material para o trabalho de desenho.
Os alunos escolhem o tem que querem trabalhar e aí desenvolvemos o estudo das proporçoes, o estudo do volume, claro-escuro...
As aulas podem ter a copia de imagens bidimensionais ou observação do tridimensional. A criação é ponto b´pasico na aula.

2 de junho de 2015

Fazer mosaico - arteterapia

Tem dias que parece que a vida se quebrou em caquinhos!
Aí a gente lembra de tanta arte!
Fazer mosaico é um excelente trabalho de arteterapia.


muitas possibilidades de mosaico:

Arteterapia: agradável sensação de conquista

Segundo Philippini (1996), “A arteterapia, através do manuseio e experimentação de materiais diversos nas múltiplas modalidades expressivas, em atmosfera acolhedora e protegida, vai facilitar o resgate destas possibilidades, e vai auxiliar no despertar da sensorialidade, aguçando a sensibilidade, a percepção e permitindo a vivência de momentos mais soltos e lúdicos. Ao explorar texturas, formas, curvas, cavidades, pontas, no reconhecimento da singularidade de cada material expressivo, somos beneficiados por suas propriedades terapêuticas e teremos em conseqüência o desenvolvimento de algumas destas habilidades adormecidas”.

Angela Philippini

A Arteterapia não limita em resgatar algo que esteja trancado dentro de si, impedindo seu contato em primeiro lugar com o “eu” para em seguida observar a movimentação e transformação do mundo ao seu redor.
Ela permite que cada ser saia do seu individual para o coletivo por meio de contatos com materiais expressivos que permitem que os movimentos psíquicos possam adquirir formas e ganhar corpo.

Livros da autora

Esta agradável sensação de conquista e superação dos desencontros emocional, cultural e social, permite um novo olhar para os acontecimentos ao redor e valorizar o que já conquistou.
Geralmente são prazeres que antes não eram percebidos e deixados de lado para o preenchimento de um vazio sem histórias. Histórias que para muitos que estão em processo de tratamento arteterapêuticos foram descobertas relatadas e compartilhadas com espontaneidade e satisfação.

31 de maio de 2015

Atelier Terapeutico

A diferença fundamental de um atelier terapêutico e um atelier de ensino de arte, é que o atelier terapêutico tem a intenção de trabalhar o resgate do saudável do cliente, não se preocupando com a estética das produções.
A arte é um meio de expressão para comunicar sentimentos.

A arteterapia é assim um caminho mágico que nos permite imaginar um arco íris em qualquer situação, um caminho para acreditar no sol depois da chuva.

25 de maio de 2015

Osório Cesar e Nise da Silveira

No Brasil, Osório Cesar foi um precursor juntamente com Nise da Silveira no trabalho com arte para doentes mentais.
Ele com seu trabalho no Hospital Psiquiátrico do Juqueri (São Paulo) e ela no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro (Rio de Janeiro).
Empreendendo lutas contra os tratamentos agressivos (eletrochoques, lobotomia, insulinoterapia) aos pacientes internos nestas instituições, ambos propuseram a substituição por trabalhos em atelier de pintura e modelagem.

Nise da Silveira

Inicialmente os pacientes faziam atividades nos ateliês de pintura e modelagem sob o título de terapia ocupacional.
Porém era mais que isso, a intenção era possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade.

cena do filme Engenho de Dentro

Em 1952, Silveira criou o Museu de Imagens do Inconsciente, um dos mais importantes do mundo, com o intuito de preservar as imagens de arte produzidas e fortalecer o ideal de cura pela arte.
As imagens do inconsciente não são apenas linguagens simbólicas para decifrar, podem ser também imagens harmoniosas, sedutoras, dramáticas, vivas e belas, constituindo-se verdadeiras obras de arte.

museu do Inconsciente