20 de abril de 2015

Vincent Van Gogh

VINCENT VAN GOGH

Vincent Van Gogh (1853-1890) nasceu na pequena aldeia de Groot Zundert, Holanda. Seu pai foi pastor protestante e casou-se com a filha de um encadernador. Vincent era o mais velho de outros cinco filhos do casal.
Desde pequeno demonstra um caráter estranho: é uma criança sonhadora, insociável, rebelde e inclinada à solidão. Aos 16 anos, conhecendo já as agruras da pobreza material, vai trabalhar com o tio, numa empresa francesa que comercia com obras e livros de arte. Ali empacota livros e se encarrega das reproduções. Aproveita as horas de folga para visitar os museus e começa a desenvolver o gosto pela literatura e pela pintura. Desejando viajar é transferido para a filial em Bruxelas. As férias passa com a família, onde reencontra o irmão Theo e dá início à correspondência entre ambos que compõe um registro pessoal de sua fé e dos propósitos que, aos poucos incendiaram sua vida. Em 1873 é transferido para Londres, por dois anos, enquanto seu irmão Theo ingressa na filial de Bruxelas.
A capital francesa o atrai pelo fato de ser o centro cultural e artístico do Ocidente e para lá é transferido, agora com 21 anos. É seduzido pelos museus, devora os livros de Baudelaire, Dumas, Flaubert, Hugo, Rimbaud. Mas leva uma vida solitária, voltada para a religião, trancando-se horas em seu quarto para ler a Bíblia. Aos poucos começa a se desinteressar pelo serviço na Groupil, discute com os clientes, ausenta-se sem dar satisfação aos patrões e acaba por demitir-se. Sem alternativa retorna à casa paterna, onde sofre crises nervosas e prolongados períodos de mutismo e solidão.
O acaso leva-o a tentar uma saída novamente na Inglaterra, agora como professor auxiliar de francês e alemão, línguas que não domina. Sufocado por viver entre muito pobre, sente crescer a vontade de ser pastor, deixa a escola e retorna a casa dos pais, mas o pai não crê na nova vocação e coloca-o como balconista de uma livraria.
Em maio de 1877, chega em Amsterdam afim de preparar-se para ingressar no seminário de teologia, mas não consegue estudar, e seus exames são um fracasso. Parte para trabalhar como pregador missionário nas minas carboníferas, na Bélgica. Renuncia a tudo, distribui seus pertences, faz sua própria roupa e até dorme no chão. As inúmeras privações minam-lhe a saúde e o pai vem busca-lo.
Vai morar na aldeia de Cuesmes, onde tenta desenhar cenas que compartilhou com os humildes. Vaga por regiões próximas, rabiscando rascunhos de paisagens ou pessoas que lhe despertam interesse. Mas luta desesperadamente com a falta de técnica que o impede de revelar o que a alma sente. Escreve longas cartas a Theo, expressando a humilhação que experimenta pelos fracassos e a vontade de dedicar-se inteiramente à pintura. Theo se compromete a ajudá-lo com uma mesada.
Apoiado material e espiritualmente pelo irmão, Vincent vai em busca de uma orientação para suas pinturas e toma aulas em Bruxelas. Seus desenhos começam a ter os contornos suavizados pela aquarela. Um primo, pintor em Haia, encoraja-o a trabalhar com modelos vivos. Diante da natureza Vincent já não é impotente como antes. Em 1881 apaixona-se pela prima, que é viuva, mas esta rejeita- o .
Vai trabalhar com o primo, em Haia mas logo se irrita com os cânones acadêmicos que lhe são ensinados. Afasta-se dos amigos e instala-se num subúrbio. Para residência e estúdio escolhe um pequeno quarto onde sua arte amadurece sensivelmente.
Em 1882 recolhe na rua uma prostituta grávida, que de modelo torna-se sua companheira. Seu desenho “Tristeza”, retrata Sien despida. Mas Sien não corresponde à confiança e ao afeto do artista, dissipa as economias domésticas com bebidas. Vivem vinte meses de vida em comum, mas ela o abandona. Volta para junto do pai, onde trabalha com intensidade, mas anda ensimesmado, silencioso. Sua indiferença às convenções leva-o a indispor-se com a família.
Em março de 1885 o pai morre subitamente. O período que ai passou é de grande fecundidade, cerca de 250 desenhos, fundamentalmente dedicados à vida dos tecelões e dos camponeses, sua arte ganha um estilo pessoal.
Os óleos revelam a busca da expressão com uma paleta em que se destacam as tonalidades densas, baseadas no betume, no negro azulado, nos terras. Pinta sua primeira obra prima: Os comedores de batata.
Em fevereiro de 1886 ele se junta ao irmão para conhecer os impressionistas, familiariza-se com Monet, Renoir e sobretudo Pissarro. Um pouco mais tarde torna-se intimo de Gauguim. Em Paris reune-se com pintores novos, nos cafés onde discute-se o impressionismo. Trabalha febrilmente, experimenta a técnica pontilhista. Enquanto isso os neo-impressionistas estão abrindo um caminho novo, na análise da luz e da cor. Van Gogh pinta mais de duzentos quadros.
Sentindo-se pesado ao irmão, parte para Arles, no sul da França onde a vida é calma. Passa horas sob o sol, protegido apenas por um chapéu de palha.
Compartilha sua habitação com Gauguim, mas o equilibrio entre eles não tarda a romper-se, as discussões são frequentes. Tendo brigado com o amigo, em lágrimas, se mutila, com uma navalha decepa a orelha esquerda. Gauguim foge para Paris.
Em 1889 é recolhido ao hospital Saint-Paul, para doentes nervosos. No asilo dispõe de algumas regalias, um quarto individual. Monta um estúdio em seu quarto. Durante as crises tem alucinações incríveis, depois volta à lucidez, mas fica abatido pelo tempo que considera perdido. Pinta em Saint- Remy mais de duzentos quadros, uma produção fantástica para um período de apenas quinze meses.
O doutor Gachet, psiquiatra e pintor compadece de Vincent e dá-lhe a liberdade, instala-o, compra-lhe tintas e telas e ele volta ao trabalho. Voltam as crises. Em 27 de julho vai aos trigais e pinta três grandes telas, mas armado de um revolver para atirar nas gralhas, dispara no próprio peito. Chamado as pressas Theo o encontra sentado na cama, os dois conversam longo tempo, carinhosamente, morre a 29 de julho.
A importância e o valor da obra de Van Gogh só foram reconhecidos com o passar do tempo. Em 1946, logo depois de terminada a segunda guerra mundial, uma exposição itinerante de suas telas percorreu a Europa e foi visitada por meio milhão de pessoas somente na Bélgica. Em Londres, leiloeiros de arte alcançam atualmente milhares de libras esterlinas por um único quadro.

Yayoi Kusama - infinita obsessão

Yayoi Kusama
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Yayoi nasceu em 20 de março de 1929 é uma artista japonesa.
Yayoi Kusama é considerada uma das maiores artistas pop japonesas. Tem uma história de vida incrível, cheia de altos e baixos, mas que nem de longe, ofusca sua bela arte contemporânea, conhecida como Polka Dot.
Aos 85 anos, a artista continua a fazer suas artes.

Seu trabalho é uma mistura de diversas artes como, colagens, pinturas, esculturas, arte performática e instalações ambientais, onde é visível uma característica que se tornou a marca da artista: A obsessão por pontos e bolas.
Em todas as suas artes, que possuem um quê de surrealismo, modernismo e minimalismo, podemos notar o padrão de repetição e acumulação.Além disso, Kusama também se embrenhou na arte da literatura, com romances e poesias, escritas em 13 livros. Alguns dos seus romances são considerados chocantes e surrealistas, com personagens fortes como prostitutas, cafetões, assassinos, auto retrato de si própria como Shimako, enlouquecida em Foxgloves Central Park.De onde vem tanta criatividade? Tudo indica que é devido à esquizofrenia, que a fazia ter uma percepção e uma visão diferente da realidade em que vivia. Segundo ela mesma conta, ela sempre foi atormentada por visões distorcidas, que a faziam enxergar bolas e pontos.
Yayoi nasceu em 22 de março de 1929 em Matsumoto-shi (Nagano Ken) e desde a infância sofre com alucinações. Sua relação com sua mãe não era nada boa. Segundo Yayoi conta, sua mãe era uma mulher de negócios e que jamais aceitou a veia artística da filha, chegando até a agredi-la fisicamente diversas vezes por causa disso.Isso pode ter ajudado a piorar o quadro psíquico de Yayoi, assim como gerou uma grande instabilidade emocional. Como forma de “fuga da realidade” , desabafo e também para mostrar às pessoas como era o mundo que ela enxergava, ela passou a se expressar no papel usando guache, aquarela e tinta a óleo, as bolinhas ou pontos do infinito, como ela também costuma chamar.
Como ela mesma diz: "Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originário das alucinações que eu posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormenta em esculturas e pinturas. Todos os meus trabalhos em pastel são os produtos da neurose obsessiva e, portanto, intrinsecamente ligado à minha doença. Eu crio peças, mesmo quando eu não vejo alucinações, no entanto.Com o tempo, passou a preencher pisos, paredes, telas, objetos e até pessoas com seus pontos." Em toda e qualquer arte de Yayoi, podemos “sentir” seu surrealismo misturadas a visões alucinatórias, porém de forma leve, alegre, colorido. Muitas pessoas que sofrem de doenças mentais como esquizofrenia e outras tantas doenças, podem possuir um talento indescritível em alguma área ou arte.
No caso de Yayoi, além das alucinações, muitas vezes suicida, ela ainda passou a ter TOC, ou seja, as bolinhas e pontos, se tornou uma verdadeira obsessão, que reflete em tudo que venha da artista, não só em sua arte como também no seu visual, que chama muita atenção, mesmo hoje em dia, com mais de 80 anos.Aos 27 anos, Kusama, resolveu ir para os Estados Unidos, a pedido de uma grande amiga e artista, Georgia O’Keeffe. Nessa época, o Japão ainda se recuperava da guerra e Kusama percebeu que lá fora, ela poderia exercer sua arte e ganhar mais reconhecimento.
Em Nova Iorque, ela trabalhou com grandes nomes da Arte Moderna e Contemporânea como Andy Warhol, Joseph Cornell e Donald Judd e logo passou a liderar o movimento da vanguarda.
Participou de diversas exposições de arte a céu aberto no Central Park e Brooklyn Bridge, muitas vezes envolvendo nudez. Engajou-se numa campanha contra a guerra do Vietnã e foi, ou melhor, continua sendo, uma grande simpatizante na luta dos homossexuais por seus direitos na sociedade.
Enfim, sempre foi uma mulher à frente do seu tempo, feminista, moderna e revolucionária por natureza.Em 1973, Kusama, resolveu retornar ao Japão por problemas de saúde. Seu transtorno obsessivo tinha se agravado, e assim se internou em um Hospital Psiquiátrico e lá vive até hoje por vontade própria, apesar de usar seu apartamento há poucos minutos do Hospital como ateliê para sua mente inquieta e sem limites.
Suas obras, que já chegam a milhares, podem ser vistas não só em museus no Japão e Nova Iorque como em várias partes do mundo, como Venezuela, Singapura, Espanha e até no Brasil.
A obra Narcissus garden Inhotim (2009), pode ser encontrada no Centro Cultural Inhotim, em MG. São dezenas de grandes esferas prateadas, que ficam na superfície da água e que podem ser movidas conforme a ação dos ventos.Essa obra é uma réplica/versão da escultura que fez em 1966 para participar da Bienal em Veneza, onde ela espalhou 1500 esferas espelhadas e as vendia por 2 dólares. Entre as bolas, havia placas com os dizeres ” Seu narcisismo à venda”. Era uma forma que ela encontrou para criticar ao sistema das artes.
Suas obras possuem um valor inestimável, como podemos perceber por essa obra abaixo, vendida pela galeria Christie New York pela bagatela de US $ 5,1 milhões, um recorde para um artista vivo do sexo feminino. Considerada louca por alguns, o que se pode dizer de Yayoi Kusama é que mesmo na sua loucura e em seus desvarios, ela encontrou na arte, a fuga e o tratamento da sua doença, se tornando um dos grandes nomes da Arte Pop, ainda em vida. Como ela mesmo diz: Se não fosse sua arte, já teria se matado há muito tempo.

ESTILO – GRANDES CORRENTES ESTILÍSTICAS

O estilo de uma obra sempre corresponde a uma visão de vida – visão pessoal ou visão cultural. A autora Fayga Ostrower argumenta que é possível distinguir três atitudes básicas entre as múltiplas possibilidades de enfoques da expressão humana. Os diversos estilos históricos e individuais dos artistas estão caracterizados sob três grandes CORRENTES ESTILÍSTICAS – Naturalismo, Idealismo e Expressionismo. São formas próprias de representar uma maneira de estar no mundo, de vivenciar e elaborar a experiência de viver.
Em cada corrente, identificam-se estilos ocorridos em diferentes épocas e locais e que, no entanto, possuem características comuns.

Na corrente do NATURALISMO, os estilos têm em comum o fato de captarem, de maneira simultânea, o objeto e as emoções, sendo o artista fiel ao que vê e sente em relação à natureza. O artista tenta proceder de maneira bastante objetiva, procurando respeitar a configuração natural, sem introduzir ênfases formais que não lhe pertencem, e descrevendo os objetos ou fenômenos com relativa fidelidade. O artista quer revelar claramente o objeto como portador das emoções que ele transmite.

Pissaro

Na corrente do IDEALISMO, ocorre um processo de abstração de aspectos individuais, que são generalizados. A representação da realidade parte de uma perspectiva idealizada e racionalizada.
Observando uma árvore, por exemplo, compreendemos o gênero árvore nessa árvore individual. Um pintor naturalista, ao pintar a árvore, reproduziria o tronco com as irregularidades incidentais que possam ocorrer na natureza, enquanto que um pintor cuja atitude estilística fosse idealista procuraria reduzir, ou mesmo omitir, certos detalhes individuais, indicando na imagem apenas características gerais: verticalidade, altura e grossura do tronco. Ainda em busca do típico, o artista encontraria um cânone, idealizando assim as formas da natureza de acordo com um padrão geral.
Essa procura do típico e de cânones válidos resultará numa aproximação das formas da natureza a formas geométricas. A geometria é sentida como protótipo espacial, como referência ordenadora do espaço. Assim no idealismo, o artista nos dará o tronco de uma árvore numa vertical mais reta e mais regular do que talvez existe na realidade: ou então, em figuras humanas, rostos mais ovais, olhos mais amendoados... As pequenas irregularidades serão abstraídas. Mesmo o colorido será mais generalizado a fim de preservar a clareza.
Mas é preciso entendê-lo bem: não se trata de simples geometrização de formas e sim da aproximação a um cânone ideal.

Manoel Ballester

Na corrente do EXPRESSIONISMO, a manifestação de sentimentos fica evidenciada nos fortes contrastes de cores e de luzes, no exagero das composições, nos arranjos irregulares e assimétricos, nas fortes tensões espaciais e na emoção exacerbada das figuras presentes nas obras. Corresponde a uma maneira emotiva de ver a realidade.
Retornamos ao exemplo do artista que desenha uma árvore. Se no NATURALISMO o artista procuraria captar e reproduzir certos detalhes particulares que distinguem esta árvore de outras semelhantes e se, no idealismo, o artista selecionaria entre os múltiplos detalhes, alguns gerais, semelhantes em todas as árvores, generalizando-os mais ainda no sentido de aproximá-los de protótipos geométricos, no Expressionismo o artista selecionaria apenas aqueles detalhes que considerasse essenciais do ponto de vista emotivo. Estes aspectos o artista intensificaria formalmente exagerando em muito sua eventual aparência na natureza. Na árvore observada, uma pequena irregularidade na elevação do tronco poderá acabar se tornando uma torção violenta, os galhos serão pontas furando o céu, os tons de folhagem cores altas e fortemente contrastantes.
Em vez de semelhança formais, prevalecem os contrastes. O conteúdo expressivo visa o instável na vida, o excepcional, destacando a transformação em vez da permanência.

Mondrian


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Adaptado do livro Universos da Arte – Fayga Ostrower – Editora Campus, Rio de Janeiro – 1991.- capitulo XV – páginas 312 a 314.

17 de abril de 2015

Arte e Loucura

Este texto é um trecho do texto que foi escrito por Elisa Muniz Barretto de Carvalho no ano 2005. O texto não chegou a ser publicado.

ARTE E LOUCURA

“A verdade é que arte e loucura, com frequência, andam juntas, de mãos dadas”.
Frederico Morais – 1992


A arte é tão antiga quanto o homem. É um processo de trabalho, um processo de transformação, uma linguagem da sensibilidade humana. Ela se origina de uma necessidade coletiva.
Desde a idade da pedra, o individuo feiticeiro, mágico ou artista, era quem plasmava as palavras, as pinturas nas cavernas e as canções. Esse artista, da pré-história, tem uma função especial: a magia sobre a natureza para o fortalecimento da coletividade.

Na proporção direta em que a sociedade se distancia da vida em harmonia com a natureza, a verdadeira condição humana, o homem cada vez mais se fragmenta. O equilíbrio entre individuo e mundo exterior vai sendo perturbado, rompido.

O desejo do homem de se completar, absorver o mundo, integra-lo a si, preencher sua limitada existência, faz com que a arte se torne imprescindível: um caminho para a plenitude.
O homem necessita da arte independentemente de sua sanidade mental.

A loucura acontece entre os homens, isto é, o engendra na sociedade. O louco é o inadaptado à ordem social vigente. Eles pensam, sentem e agem desafiando os padrões de convivência.
Frequentemente o individuo sente-se acossado de tal maneira no mundo externo, que encontra saída somente na porta da loucura. Humilhados e ofendidos não conseguem por meios próprios, chegar a uma compreensão das contradições e supera-las para alcançar uma nova serenidade, recompor-se com tranquilidade. A volta para a vida “normal” é muito difícil, muito mais difícil devido a não aceitação do seu mundo interno onde agora se encontra e também pela maioria daqueles com que convive. Aqui, arte pode ser um caminho de volta.

A arte com sua dinâmica de criação e transformação quebra regras, busca o novo, o inusitado, até mesmo o que não é normal. Um exemplo é Vincent Van Gogh, um artista, um homem em busca de sua identidade, em busca de uma arte inovadora, em busca da cor portadora de sua expressão individual, de sua imaginação, a cor da realidade da sua psique, vai contra todos os preceitos de uma época! A sociedade o recrimina. Ele corta sua orelha já em delírio.
Como essa há inúmeras histórias de artistas que foram considerados loucos ou realmente enlouqueceram: Camile Claudel, Frida Khalo, Bispo do Rosário...
O que não dizer então do artista da nossa época que, na leitura da sociedade contemporânea, muitas vezes é associado a um louco. Sua arte tenta romper com os modelos anteriores pois propõe soluções nada “normais” para os que os querem normóides.
Faces da arte e da loucura!
Ah! Esta nossa época tão conturbada! Será que ela não empurra o individuo para a loucura?
Não será loucura atirar um avião contra um prédio matando mais de 3.000 pessoas? (atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos)
Não será loucura invadir um país, matar crianças, mulheres e homens, com a justificativa de que se sente ameaçado? ( invasão do Afeganistão e do Iraque pelos Estados Unidos )
Não será loucura trabalhar tanto sem ter lazer?
Será loucura querer que todas as pessoas sejam tratadas como iguais?
Será loucura falar de tudo isso?

Arte e delírio caminham juntos por oceanos, estradas e céus... traduzem fragmentos, recortes de guerras, crimes, caprichos...denunciam horrores, amores, paixões , sonhos transmutam o inominável, o monstruoso sem beleza, em utopia.



Quem pode fazer arte ?


A imaginação é certamente uma faculdade que devemos desenvolver, e só ela nos pode levar a criação de uma natureza mais exaltadora e consoladora do que o rápido olhar para a realidade...
Vicent Van Gogh



Os conceitos de ARTE acompanham as mudanças sociais e históricas, antes, no dizer de Lukács a arte se constitui na prévia ideação da evolução da humanidade.
A partir do século XX, a arte rompe com os padrões clássicos, dando abertura para que o fazer artístico de crianças, loucos e outras minorias, possam ter uma aproximação com o conceito acadêmico da ARTE. A produção infantil pôde se vista com menos preconceitos e também possuidora de uma qualidade estética.
Em 1922, com o livro de Hans Prinzhorn, Expressões da Loucura, uma série de trabalhos de doentes mentais de instituições psiquiátricas é divulgada e reconhecida como obras de qualidade artística. O valor estético desses “loucos” começa então a ser reconhecido publicamente.

O pintor Jean Dubuffet, em 1945 inicia uma das mais importantes pesquisas desenvolvidas na Europa. Cria o conceito de arte bruta que ele define como “produções de toda espécie – desenhos, pinturas, bordados, modelagens esculturas - que apresentam um caráter espontâneo e fortemente inventivo, que nada devem aos padrões culturais da arte, tendo feitos por autores pessoas obscuras, estranhas aos meios artísticos profissionais.” Dubuffet não esperava que a arte fosse normal. Ao contrário , que fosse inédita, imprevista e extremamente imaginativa.

A Arte é, em essência, uma só, não importa se feita por brancos, negros, índios, mulheres, homossexuais, esquizofrênicos ou psicopatas.

“A loucura, em alguns aspectos, não destrói a capacidade criadora. A loucura pode ser uma circunstância como o são a guerra, a fome, a repressão política, o ambiente familiar ou as tradições culturais de um pais. Uma circunstância capaz de impregnar o ato criador e de lhe dar sentido. Por mais adversas que sejam estas circunstâncias, o instinto criador do homem sobrevive.”
Frederico Morais - 1992



A introdução de Ateliês de Arte em Clinicas Psiquiátricas

“A moldura da nossa mente é infinita. Nosso inconsciente é pintado sem proibições. A vida não morre com as perdas externas, mas com as internas.”
Sidney Alves

A introdução de Ateliês de Pintura nas clínicas, aconteceu no Brasil pela primeira vez com a psiquiatra Nise da Silveira na Seção Terapêutica Ocupacional de Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro.
Nise organizou, em 1946, ateliês de pintura e de modelagem pensando num tratamento mais humano para os doentes esquizofrênicos do Centro Psiquiátrico. Quando o atelier foi aberto tinha como monitor o artista Almir Mavignier, pintor de renome internacional e professor de arte. Sua participação foi fundamental na história desse trabalho.
O Centro Psiquiátrico tinha então 1500 (mil e quinhentos) internos, em sua maioria esquizofrênicos crônicos, que normalmente ficavam abandonados no pátio do hospital. Aos poucos a equipe de psicólogos, psiquiatras, e artistas plásticos foi descobrindo um grupo de pessoas que tinha uma produção de destaque.
A produção se revelou de tão alta qualidade e com tal interesse científico que nasceu então a ideia de organizar um espaço que reunisse a arte criada. Hoje, o Museu de Imagens do Inconsciente tem mais de 300 (trezentos) mil documentos (telas, pinturas, desenhos e investigações cientificas) e oferece ao pesquisador condições para o estudo das imagens e símbolos, bem como a possibilidade de acompanhar a evolução de casos clínicos. Diariamente são acrescentadas novas obras o que torna este um museu vivo.
Com este trabalho constata-se que a esquizofrenia não atinge a criatividade ou a inteligência do doente. Combate também a ideia de que os loucos são seres embrutecidos e desprezíveis. Através da expressividade das pinturas pode-se ver a riqueza da alma destas pessoas rotuladas como embrutecidos.
O trabalho no atelier do Centro Psiquiátrico é um acompanhamento durante e depois da criação, onde o psicólogo e o artista estão sempre observando os temas, as cores e as técnicas recorrentes.

“Não fazemos, no ateliê, uma apologia à loucura por valorizarmos sua riqueza criativa. Nosso esforço é para que aceitem de forma mais saudável e prazerosa tal condição mental”.

Os terapeutas não interpretam ou julgam as obras pintadas pelos esquizofrênicos. Ao contrário, estimulam que o próprio artista o faça. “o que fazemos é oferecer-lhe um acompanhamento” explica a psicóloga Maria Abdo. “O efeito da expressão artística é mais imediato – pintando sua angustia, o esquizofrênico despotencializa algumas emoções”.
Nise da Silveira nos dá prova de que loucura também produz arte e o louco consegue meios para expandir sua sensibilidade.


15 de abril de 2015

SIGNIFICADOS DA ARTE: Três definições tradicionais: a arte como fazer, como conhecer ou como exprimir

O texto a seguir é de Luigi Pareyson, Os problemas de Estética, pp. 29-32

SIGNIFICADOS DA ARTE: Três definições tradicionais: a arte como fazer, como conhecer ou como exprimir.


Na Antiguidade prevaleceu a primeira definição, a arte foi entendida como um fazer, acentuado o aspecto executivo, fabril, manual. Mas o pensamento antigo pouco se preocupou com teorizar a distinção entre a arte propriamente dita e o ofício ou a técnica do artesão. Permaneceu um equívoco, não dissipado nem mesmo pela distinção entre arte liberal e arte servil.

Com o romantismo prevaleceu a terceira definição, que fez com que a beleza da arte consistisse na beleza da expressão. Mas, em todo o decurso do pensamento ocidental, é também recorrente a segunda definição, que interpreta a arte como conhecimento, visão, contemplação.

Certamente arte é expressão, mas é necessário não esquecer que há um sentido em que todas as operações humanas são expressivas. Toda operação humana contém a espiritualidade e personalidade de quem toma a iniciativa de fazê-la e a ela se dedica, por isso, toda obra humana é como o retrato da pessoa que a realizou.

Há também um aspecto cognoscitivo, contemplativo, visivo na arte. Para certos artistas como em Leonardo, a sua arte é o seu modo de conhecer, de interpretar o mundo e até de fazer ciência. Mas é preciso não esquecer seu aspecto mais essencial e fundamental que é o executivo e realizador.

Se dissermos que o aspecto essencial da arte é o produtivo, não podemos esquecer que todas as atividades humanas têm um lado executivo e realizativo. Isto diz respeito não somente ao mundo da técnica, da fabricação, dos ofícios, onde o “fazer” tem um aspecto manual e fabril como também às atividades propriamente espirituais. Mas a arte é produção e realização em sentido intensivo, eminente, absoluto, a tal ponto que, com freqüência, foi, na verdade, chamada criação. A arte é pois invenção. Ela é um tal fazer que, enquanto faz, inventa o por fazer e o modo de fazer. A arte é uma invenção tão radical que dá lugar a uma obra absolutamente original e irrepetível.







1 de abril de 2015

Novas turmas de desenho neste ano de 2015
Crianças as segundas feiras
Adultos e adolescentes as quartas e sextas feiras

Rua Major Eustáquio 76 - sala 815
Agende sua aula pelo telefone 34 - 9996-6434