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26 de novembro de 2015

Pensando estratégias metodológicas - livreto - parte 4

Pensando estratégias metodológicas

Para se fazer arte, para se expressar artisticamente, há-de-se ter certa dose de ousadia, porém ousadia não deve ser confundida com desordem. Sabe-se que a organização auxilia muito o ser criativo, pois este tem tudo à mão para criar, imaginar!

Um projeto educacional que privilegia um ambiente organizado, um trabalho com foco nos objetivos, com sequência nas atividades, tem grande possibilidade de sucesso, permitindo a autonomia e a liberdade da criança.

• Organização do espaço
O ideal é ter um espaço destinado às atividades artísticas na escola, mas sabemos que, na realidade da grande maioria de nossas escolas,não há um espaço destinado a esse fim. Então, é aconselhável que se faça uma adaptação do local de trabalho, que as crianças sejam acomodadas de forma a permitir o máximo de autonomia para o acesso ao uso dos materiais artísticos, ativando o desejo de produzir e o prazer de estar ali.

É interessante que, neste ambiente, seja possível rearranjar o mobiliário, dispor das mesas e cadeiras de acordo com os projetos a serem executados. A princípio, isso pode aparentar certa desordem, mas a variedade na disposição auxilia nas propostas e a arrumação, ao término das atividades, envolve as crianças na rotina da organização.Sugere-se que o espaço escolar tenha local para a exposição dos trabalhos realizados, s este é parte do processo de criação artística. Existem salas de aula tão poluídas visualmente, com todas as paredes cobertas de letras e números, com calendários e recados,que não se nota quando um novo trabalho foi nela colocado. Deixar também os trabalhos expostos por um tempo demasiadamente longo em nada ajuda na sensibilização visual estética.

• Os utensílios para a realização das atividades de pintura
Os materiais são a base da realização artística. Com foco na atividade de pintura, listaremos aqui alguns materiais pertinentes a estas atividades. A mistura de técnicas tem sido muito utilizada na arte contemporânea e faz parte do universo infantil.

• Suportes para pintura
O suporte mais utilizado para pintura é o papel. O papel tem diferentes gramaturas, ou seja, diferentes espessuras e densidades. O papel mais comum nas escolas é o papel branco comum usado em impressoras, e com a gramatura 75 g/m². As cartolinas têm a gramatura de 180 g/m² por isso são mais grossas. Se a técnica de pintura possuir muita água, o papel mais “fino” se rasgará facilmente. O papel tipo “canson” tem uma gramatura intermediária - 120 g/m² - e é vendido em blocos de tamanhos menores que a cartolina.
Outros suportes podem ser utilizados para pintura (Foto 8): madeiras, telhas, tecido e até mesmo objetos. Mas há, para cada suporte, um tipo de tinta adequado.



Foto:O piso como suporte.
Arquivo pessoal da autora.

• Tintas
Desde a pré-história o homem pinta. A tinta é um meio líquido colorido feito com um pigmento, um aglutinante e um antioxidante.
Das diversas tintas que existem, as tintas guache são as mais comuns no ambiente escolar. É uma tinta opaca e que tem boa cobertura (algumas marcas têm muita água e, por isso, ficam transparentes). São de fácil manuseio, pois secam rapidamente e, na maioria, são atóxicas.

As tintas aquarelas podem ser encontradas em pastilhas ou tubinhos e têm a qualidade da transparência. Elas dão o efeito bastante suave e por isso nem sempre são utilizadas com as crianças menores que querem algo que se destaque.

Há tintas que têm como aglutinante (base) os óleos, a tinta a óleo para tela por exemplo. Porém não é aconselhável o uso delas na Educação Infantil por sua composição química. O melhor mesmo é a fabricação de tintas caseiras.
A tinta caseira pode ser feita com cola e corantes alimentícios. Há uma infinidade de receitas caseiras para fabricação de tintas, devendo-se colocar os três itens necessários: aglutinantes, pigmentos e antioxidantes.

Assim, são ótimos aglutinantes para tintas caseiras: sagu, grude de farinha de trigo, maizena ou polvilho. São ótimos corantes naturais para tintas caseiras: café, chá, terra, urucum, açafrão, beterraba... E, para evitar que elas criem bichinhos rapidamente, os antioxidantes caseiros melhores são o limão ou vinagre.

De posse dessas informações, você já é capaz de manipular uma tinta. Mãos a obra! Numa panela, cozinhe um pouco de farinha e água. Separe em potinhos e em cada potinho adicione um pigmento. Se quiser que dure mais dias, coloque algumas gotasde vinagre! Pronto! A criança poderá pintar e se lambuzar sem o risco de se intoxicar!

• Ferramentas para uso das tintas
O comum é utilizar pinceis para espalhar a tinta, mas os dedos e as mãozinhas também podem fazer esse trabalho. Outra ideia é utilizar cotonetes, buchinhas e até palitos. Se quiser confeccionar pincéis, utilize tubinhos de canetas vazios e prenda alguns fios de lã. Não são tão eficientes como os pinceis fabricados que existem no mercado (Foto 10), mas servem como experiência.



• Material para auxílio na pintura
Uma atividade agradável de pintura é fazer a cor, ou seja,perceber que, misturando uma cor com outra, surge uma terceira cor! É muito mágico! Para isso, são necessárias vasilhas ou pequenos potes para a mistura das tintas. As forminhas de gelo são ótimas para esta finalidade. Mas não prepare muita tinta de cada cor. Prepare a quantidade que irá utilizar, pois é mais difícil retirar da forminha o que sobrou para guardar. Os pratinhos descartáveis de plástico ou isopor também são ótimas paletas de pintura.

Não esqueça de que é necessário forrar a mesa (ou o chão) de trabalho para dar maior liberdade à criança (Foto 11). Forre com jornal ou mesmo com um plástico grande. Ela e você vão ficar menos preocupado sem manchar a mesa e o chão se tudo estiver forradinho.

Um paninho para limpeza ou mesmo o papel toalha devem estar sempre à mão para a limpeza dos pincéis, ou mesmo se um potinho de tinta virar por ali.

• Finalização dos trabalhos
Quão lindo ficou nosso trabalho! Mas é necessário um tempinho para que fique seco. Tinta é assim mesmo, pois se compõe de água ou cola, ou outro material que tem seu tempo de secagem. Arranje um local em que os trabalhos sequem: pode ser em uma prateleira, no chão afastado das mesinhas de trabalho ou mesmo em um varal. Cuidado, se a tinta for muito líquida e você pendurar no varal, ela vai escorrer...


O ideal é ter uma pia na sala de aula, mas se isso não for possível, leve um balde com água e alguma toalha para limpeza das mãos das crianças.

• Propostas de pinturas
A criança pequena se expressa mais livremente que uma criança maior que faz uma crítica sobre sua produção artística. Há crianças que não precisam de nenhum estímulo para pintar, é só deixá-los livres e a pintura começa a fluir. Outros pensarão uma infinidade de coisas, mas se sentirão incapazes de começar.

Um tema adequado à faixa de idade e ao momento é o caminho aberto para liberar a expressão. A vivência do tema proposto na forma de expressão corporal, musical ou mesmo a expressão verbal impulsiona a expressão pictórica. O inverso também é verdadeiro. A partir de uma pintura,podem-se produzir poemas, teatrinhos e muito mais. Quanto mais pudermos incentivara percepção visual, tátil, auditiva, gustativa e até mesmo a do odor, mais rico será o resulto final: uma experiência enriquecedora.

Deve-se evitar o uso de estereótipos para serem preenchidos pelas crianças. Estes de nada acrescentam à expressão individual delas.

Deixo aqui uma sugestão de temas para serem vivenciados e transportados para a pintura que possibilitam trabalhar o corpo e suas funções e também as relações emocionais:
- olhando no espelho;
- eu e minha família;
- eu e minha casa;
- brincando na escola;
- jogando bola ou outro jogo;
- comendo ou fazendo outra atividade cotidiana.

Outra forma interessante de incentivar a produção das pinturas são as histórias infantis. O educador pode contar, ler ou mesmo encenar a história e depois convidar a todos para pintarem o que ouviram. Podem pintar a parte da história de que mais gostaram, o personagem mais importante, ou outra questão que se queira abordar. As imagens de arte, pinturas de grandes artistas ou mesmo de artistas populares, gravuras ou mesmo fotografias, também são excelentes recursos para a educação estética. Ver novas formas de representar, buscar novas cores e formas diferentes nas reproduções artísticas também abrem o universo cultural para a criança.

É nesta prática de observar as próprias produções, as produções de colegas ou de diversas obras artísticas (regionais, nacionais ou mesmo internacionais) que a criança amplia seu conhecimento de mundo.

Livreto: Lambuzando de Arte - parte 3

O mundo plástico da criança é diferente do mundo artístico do adulto (DERDIK, 1989).
A criança não tenta copiar o mundo adulto. A criança tenta dizer o que entende do mundo adulto à sua maneira.
Ela desenha e pinta o que sabe e não apenas o que vê, representa fragmentos do real que lhe foram significativos e só aos poucos adquire uma linguagem artística. Cada fase de seu desenvolvimento tem algumas particularidades na expressão e na linguagem.
A criança bem pequena faz círculos ou passeia desordenadamente pelo espaço oferecido a ela com o pincel ou giz.
Nesta fase, às vezes só existem manchas e riscos, mas nem por isso os resultados não são interessantes.
A criança maior faz representações com maior simbolismo (Foto), utilizando o círculo para cabeça e riscos para pernas e braços.



Foto: Representação com maior simbolismo.
Arquivo pessoal da autora

O educador deve conhecer os traços básicos das crianças para procurar entender o desenvolvimento e a aquisição de novos símbolos (KELLOGG, 1979).
A pesquisadora norte-americana RhodaKellogg estudou por 3 anos produções de crianças pequenas. Ela observou cerca de 300 mil produções e analisou principalmente a forma dos traços (rabiscos básicos) e como ela ocupava o espaço do papel (modelos de implantação) até a entrada da criança no desenho figurativo, o que ocorre por volta dos 4 anos. Estes traços básicos podem ser círculos, espirais, cruzes, escadinhas...
No período de produção de rabiscos, a criança explora diferentes suportes e instrumentos, experimenta, por exemplo, riscar as paredes ou o chão. Tudo é motivo para incentivar o crescimento.


Acreditamos que uma postura adequada do educador é a de não interferir na expressão artística da criança não desenhando diretamente no seu papel ou mesmo escrevendo em sua superfície. O melhor é interagir com questionamentos ou sugestões. Desenhar ou pintar no espaço da criança é como colocar palavras na sua boca, não deixando que ela fale por si mesma. Há-de-se ter paciência e sensibilidade para compreender que o papel do professor é de chefe de orquestra, não o de tocar por seus músicos, mas o de dirigi-los.

Quando uma criança repete muito um determinado tema, o educador não deve considerar isso como uma falta de fantasia ou imaginação. A repetição pode significar que ela está tentando resolver alguma coisa naquele assunto. A sugestão de um novo tema pode surtir efeito.

Se uma casa não tem porta, o educador não precisa apontar que a casa não tem porta e sim perguntará criança – “por onde é a entrada?” ou “como se entra em sua casa?” Lembrando sempre que os desenhos e pinturas infantis não são representações fotográficas (Foto 6).



Foto: Pinturas infantis não são representações fotográficas.
Arquivo pessoal da autora.

A expressão artística infantil é a concretização de conhecimentos e experiências. O educador que valoriza a arte na Educação Infantil e que tem por base a ARTE como forma de expressão de sentimentos e de compreensão está criando um espaço de abertura entre professor e aluno, acreditando que ambos crescerão como seres humanos num processo de reciprocidade.

Livreto: lambuzando de arte - parte 2

É importante porque...

Pesquisas educacionais realizadas no século XX (LOWENFELD, 1970) mostraram que a Arte na criança é uma manifestação espontânea e autoexpressiva sendo de grande importância incentivá-la e deixá-la acontecer no processo educativo (Foto 2), sendo aliada na aquisição de conhecimento. Quando a criança desenha ou pinta, é capaz de concretizar as suas emoções, contar sua história, suas fantasias, suas alegrias e suas tristezas.



Foto 2: Deixando a arte acontecer
http://zetaplusconstrutora.wordpress.com/category/dia-das-criancas/

A criação artística é um meio educativo. Desenhando e pintando, a criança interage com o meio, seu corpo inteiro se envolve na ação. Ao realizar a atividade artística,a criança se transporta para o papel, para o material artístico modificando-o e também se modificando.

A atividade artística, o desenho, a pintura, o recorte e a modelagemservem de meios de investigação, de comparação com normas conhecidas, e até medem o grau de desenvolvimento, relacionando o antes e o depois da atividade. Mas,principalmente,éque a arte proporciona à criança exprimir o seu próprio eu, reconhecer-se e valorizar sua produção elevando sua autoestima.(Foto 3).



Foto 3:Autoexpressando-se por meio da arte.
Arquivo pessoal da autora.

O trabalho de pintura pode ser empregado com função terapêutica (PAIN, 1996) para crianças instáveis, ou até mesmo para as crianças que não alcançam o rendimento escolar desejado. O resultado do trabalho com as cores e tintas é espetacular. A criança, pela sua prática com a pintura, toma consciência de suas ações,e de inúmeras possibilidades, fazendo-a reconhecer que seus esforços podem resultar em positivos e dando-lhe mais segurança na escola ou família.



Lambuzando de arte: pintura na infância

Lambuzando de arte: pintura na infância

Este é o título do livreto escrito por mim, Elisa Muniz Barretto de Carvalho, para publicação pela Universidade Federal do Triangulo Mineiro - UFTM.
Este livreto fez parte do projeto do RENAFOR do ano de 2014.
Publico aqui para dar acesso a mais pessoas interessadas na área!

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O assunto é:
O tema deste livreto é a pintura na Educação Infantil.
O título Lambuzando de arte: pintura na infância revela muito sobre o tema, ou seja, mostrar que as tintas permitem à criança um contato próximo da arte, da expressão individual e coletiva da arte.
Na diversão que é pintar, os pequenos se sujam, molham-se, mancham-se ou se “lambuzam” de arte!



Foto 1:Criança se lambuzando de arte.
http://www.dicaspramamae.com/2012/03/crianca-tem-que-se-sujar.html

A criança, antes mesmo de escrever ou organizar as frases em sua fala, é capaz de se expressar por meio das formas e das cores.
As cores saem das pontas dos lápis e dos pincéis e ganham vida exprimindo o que ela sente e o que deseja.
A expressão visual é a primeira “fala” registrada dos pequenos.

Não há idade restritiva para pintar.
Crianças, adolescentes, adultos, idosos amam ver as cores surgindo numa superfície.
É claro que há tintas próprias para cada idade e é nesta parte que o educador precisa tomar cuidados.
Há tintas tóxicas e tintas naturais, há tintas que mancham e dão muito trabalho para “sair” e aquelas que duram pouco tempo.
É necessário conhecer, experimentar as tintas e adequá-las à sua proposta pedagógica.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil dedica parte do volume 3 – Conhecimento de mundo – às artes visuais.
Dividido por faixas etárias, o manual refere-se às atividades de desenho, à pintura e a outras técnicas expressivas.
Neste livreto,falaremos do processo da pintura como um todo, porém nosso foco maior serão as técnicas que podem ser usadas com maior sucesso para os pequenos, mas nada impede que sejam utilizadas pelos maiores.
O RCNEI ressalta a importância da arte na infância e nós acreditamos nisto.

O tema pintura ainda é visto com algumas ressalvas por alguns educadores que se incomodam com a desorganização aparente e com grande paixão por outros educadores que permitem a expressão e entendem que a formação se faz com muita alegria.
Acreditamos que a atividade da pintura na Educação Infantil permite grande crescimento emocional, social, físico, psicológico, dando liberdade à criança e permitindo a aquisição de conhecimentos.