26 de novembro de 2015

Livreto: Lambuzando de Arte - parte 3

O mundo plástico da criança é diferente do mundo artístico do adulto (DERDIK, 1989).
A criança não tenta copiar o mundo adulto. A criança tenta dizer o que entende do mundo adulto à sua maneira.
Ela desenha e pinta o que sabe e não apenas o que vê, representa fragmentos do real que lhe foram significativos e só aos poucos adquire uma linguagem artística. Cada fase de seu desenvolvimento tem algumas particularidades na expressão e na linguagem.
A criança bem pequena faz círculos ou passeia desordenadamente pelo espaço oferecido a ela com o pincel ou giz.
Nesta fase, às vezes só existem manchas e riscos, mas nem por isso os resultados não são interessantes.
A criança maior faz representações com maior simbolismo (Foto), utilizando o círculo para cabeça e riscos para pernas e braços.



Foto: Representação com maior simbolismo.
Arquivo pessoal da autora

O educador deve conhecer os traços básicos das crianças para procurar entender o desenvolvimento e a aquisição de novos símbolos (KELLOGG, 1979).
A pesquisadora norte-americana RhodaKellogg estudou por 3 anos produções de crianças pequenas. Ela observou cerca de 300 mil produções e analisou principalmente a forma dos traços (rabiscos básicos) e como ela ocupava o espaço do papel (modelos de implantação) até a entrada da criança no desenho figurativo, o que ocorre por volta dos 4 anos. Estes traços básicos podem ser círculos, espirais, cruzes, escadinhas...
No período de produção de rabiscos, a criança explora diferentes suportes e instrumentos, experimenta, por exemplo, riscar as paredes ou o chão. Tudo é motivo para incentivar o crescimento.


Acreditamos que uma postura adequada do educador é a de não interferir na expressão artística da criança não desenhando diretamente no seu papel ou mesmo escrevendo em sua superfície. O melhor é interagir com questionamentos ou sugestões. Desenhar ou pintar no espaço da criança é como colocar palavras na sua boca, não deixando que ela fale por si mesma. Há-de-se ter paciência e sensibilidade para compreender que o papel do professor é de chefe de orquestra, não o de tocar por seus músicos, mas o de dirigi-los.

Quando uma criança repete muito um determinado tema, o educador não deve considerar isso como uma falta de fantasia ou imaginação. A repetição pode significar que ela está tentando resolver alguma coisa naquele assunto. A sugestão de um novo tema pode surtir efeito.

Se uma casa não tem porta, o educador não precisa apontar que a casa não tem porta e sim perguntará criança – “por onde é a entrada?” ou “como se entra em sua casa?” Lembrando sempre que os desenhos e pinturas infantis não são representações fotográficas (Foto 6).



Foto: Pinturas infantis não são representações fotográficas.
Arquivo pessoal da autora.

A expressão artística infantil é a concretização de conhecimentos e experiências. O educador que valoriza a arte na Educação Infantil e que tem por base a ARTE como forma de expressão de sentimentos e de compreensão está criando um espaço de abertura entre professor e aluno, acreditando que ambos crescerão como seres humanos num processo de reciprocidade.

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