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4 de setembro de 2023

Agosto: cultura popular

 

As culturas locais não vão desaparecer com a globalização do mercado cultural, porque também é do interesse econômico dos grandes grupos de comunicação, do turismo e de promotores de eventos midiáticos a venda de produtos culturais diferenciados. Esse interesse é que faz a espetacularização das manifestações culturais populares no mundo globalizado.


Não se pode negar a existência de uma cultura global que só é global porque não existe uniformidade cultural. A globalização só tem sentido se existir a diversidade e não a homogeneização cultural. É nesse contexto contemporâneo que as culturas populares, estão sendo reinventadas, num jogo de negociação dialético entre o local e o global. A televisão impulsiona essa outra forma do fazer cultural, mas as astúcias, os consentimentos estão nas intenções mediadas, nos desejos, nos processos de negociação dos constituintes das diferentes escalas geográficas e em tempos variados, em qualquer lugar do mundo globalizado




MUNDO DO ESPETÁCULO

Estamos vivendo no mundo em que quase tudo se torna espetáculo.

Vivemos numa sociedade midiatizada onde as culturas populares são atrativos para o exibicionismo televisivo, onde quase todos os acontecimentos da vida cotidiana poderão transformar-se em espetáculos midiáticos, desde um acidente trágico -- mesmo que só envolva pessoas anônimas das quais vai depender a sua proporcionalidade -- a um casamento, ou funeral de celebridades e, sem dúvida alguma, das festas populares.

A sociedade humana no mundo globalizado é inserida nos processos midiáticos. São momentos de grandes celebrações desde as campanhas eleitorais, competições desportivas, concentrações religiosas, ritos de passagem (quando envolvem celebridades) ou acontecimentos que estão fora do ordinário da vida cotidiana e entre esses acontecimentos estão as festas profanas e religiosas. (Texto de Osvaldo Meira Trigueiro)


ESPETACULARIZAÇÃO DA CULTURA

As espetacularizações das culturas populares sempre fizeram e continuarão fazendo parte dos desejos de brincar das classes populares nos espaços públicos das ruas.

Hoje em dia a classe média consome mais os produtos da cultura popular, a exemplo dos artefatos de decoração, nas festas populares, no consumo de produtos naturais e a crescente preferência por restaurantes de comidas regionais.

As empresas que promovem entretenimento e turismo têm suas localizações cada vez mais abstratas, ou seja, são empresas que já não pertencem a um território. Mas, os produtores culturais populares locais continuam enraizados no seu chão, no seu lugar, porém sem perder de vista o mundo de fora, visibilizado pela mídia.


Produtos folkmidiáticos

As manifestações populares (festas, danças, culinária, arte, artesanato, etc) já não pertencem apenas aos seus protagonistas. As culturas tradicionais no mundo globalizado são também do interesse dos grupos midiáticos, de turismo, de entretenimento, das empresas de bebidas, de comidas e de tantas outras organizações socais, culturais e econômicas. Estas transformam-se em produtos culturais folkmidiáticos (apropriação da cultura popular pelas mídias).


Identidade Cultural

Nossa identidade cultural é construída a partir de nossa convivência com o outro. Coisas como nossa linguagem, nossa maneira de agir em uma situação, o que comemos, como nos vestimos e até mesmo como nos vemos, estão diretamente ligadas à nossa formação cultural.


17 de maio de 2022

Cultura e Educação

 1  CULTURA E EDUCAÇÃO

 

 

 

Neste capítulo, exploro o conceito de cultura e seus vínculos com a educaçãotomada aqui como algo que se processa não na escola, mas também na comunidade e noutros espaços e contextos. Por muito tempo, no conceito de cultura imperou a idéia do determinismo geográfico: o ambiente físico condiciona a diversidade cultural. Atribuíam-se as diferenças comportamentais observadas entre os povos a diferenças geográficas: povos habitantes do hemisfério norte se comportam diferentemente de povos do hemisfério sul em razão de características regionais: um esquimó é capaz de distinguir tonalidades de branco que os habitantes de uma região das savanas africanas seriam incapazes de perceber.

Popularizadas por geógrafos, essas teorias começaram a ser refutadas nos anos de 1920. Antropólogos mostraram que havia limites à influência geográfica sobre fatores culturais. Roque de Barros Laraia afirma que “[...] é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico” (2001, p. 21) e mostra que, mesmo vivendo em ambientes semelhantes no norte do planeta, sob um rigoroso inverno, esquimós e lapões têm comportamentos culturais diferentes: aqueles constroem casas de gelo (os iglus), estes constroem tendas com peles; quando querem se mudar, os primeiros abandonam o iglu, os últimos transportam sua moradia para o local a ser habitado.

Outra explicação para as diferenças culturais é a que relaciona capacidades específicas a certasraçasou certos grupos humanos. Fundado no determinismo biológico, tal entendimento atribui capacidades e habilidades próprias de alguns seres humanos à sua origem genética. Nessa ótica, acredita-se que os brasileiros herdaram a preguiça dos índios e a esperteza dos negros. Pensamentos assim se traduzem em atitudes discriminatórias contra certos grupos por causa de características étnicas. Pode-se pensar aqui no aumento da xenofobia e na exclusão social em algumas sociedades por causa das migrações internacionais, que geraram o surgimento de minorias.

A antropologia atual explica as diferenças culturais com base no conceito de endoculturação: processo de socialização e aprendizagem da cultura ao longo da vida. Nesses termos, qualquer pessoa pode adquirir hábitos culturais próprios do grupo social a que pertence; por exemplo, uma pessoa nascida no Brasil mas criada na Inglaterra assimilará hábitos, linguagem, crenças e valores dos ingleses. Dito de outro modo, as pessoas se comportam diferentemente não por causa de transmissão genética ou do espaço geográfico onde vivem, mas sim por terem tido diferentes condições de educação. Assim, educação e cultura explicam, em grande parte, as diferenças comportamentais entre os humanos. Pela educação, os indivíduos assimilam diferentes elementos da cultura e passam a agir segundo esta.

Como esclarece Laraia (2001), vem de Edward Burnett Tylor (1832–1917) a primeira definição de cultura que se aproxima do conceito empregado hoje: cultura é “[...] todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (tylor, 1871 apud laraia, 2001, p. 25). Tylor enfatiza a idéia de aprendizado na sua definição de cultura, mostrando-a como todo comportamento aprendido, adquirido; tudo que independe da transmissão hereditária.