15 de abril de 2015

SIGNIFICADOS DA ARTE: Três definições tradicionais: a arte como fazer, como conhecer ou como exprimir

O texto a seguir é de Luigi Pareyson, Os problemas de Estética, pp. 29-32

SIGNIFICADOS DA ARTE: Três definições tradicionais: a arte como fazer, como conhecer ou como exprimir.


Na Antiguidade prevaleceu a primeira definição, a arte foi entendida como um fazer, acentuado o aspecto executivo, fabril, manual. Mas o pensamento antigo pouco se preocupou com teorizar a distinção entre a arte propriamente dita e o ofício ou a técnica do artesão. Permaneceu um equívoco, não dissipado nem mesmo pela distinção entre arte liberal e arte servil.

Com o romantismo prevaleceu a terceira definição, que fez com que a beleza da arte consistisse na beleza da expressão. Mas, em todo o decurso do pensamento ocidental, é também recorrente a segunda definição, que interpreta a arte como conhecimento, visão, contemplação.

Certamente arte é expressão, mas é necessário não esquecer que há um sentido em que todas as operações humanas são expressivas. Toda operação humana contém a espiritualidade e personalidade de quem toma a iniciativa de fazê-la e a ela se dedica, por isso, toda obra humana é como o retrato da pessoa que a realizou.

Há também um aspecto cognoscitivo, contemplativo, visivo na arte. Para certos artistas como em Leonardo, a sua arte é o seu modo de conhecer, de interpretar o mundo e até de fazer ciência. Mas é preciso não esquecer seu aspecto mais essencial e fundamental que é o executivo e realizador.

Se dissermos que o aspecto essencial da arte é o produtivo, não podemos esquecer que todas as atividades humanas têm um lado executivo e realizativo. Isto diz respeito não somente ao mundo da técnica, da fabricação, dos ofícios, onde o “fazer” tem um aspecto manual e fabril como também às atividades propriamente espirituais. Mas a arte é produção e realização em sentido intensivo, eminente, absoluto, a tal ponto que, com freqüência, foi, na verdade, chamada criação. A arte é pois invenção. Ela é um tal fazer que, enquanto faz, inventa o por fazer e o modo de fazer. A arte é uma invenção tão radical que dá lugar a uma obra absolutamente original e irrepetível.







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