20 de abril de 2015

Vincent Van Gogh

VINCENT VAN GOGH

Vincent Van Gogh (1853-1890) nasceu na pequena aldeia de Groot Zundert, Holanda. Seu pai foi pastor protestante e casou-se com a filha de um encadernador. Vincent era o mais velho de outros cinco filhos do casal.
Desde pequeno demonstra um caráter estranho: é uma criança sonhadora, insociável, rebelde e inclinada à solidão. Aos 16 anos, conhecendo já as agruras da pobreza material, vai trabalhar com o tio, numa empresa francesa que comercia com obras e livros de arte. Ali empacota livros e se encarrega das reproduções. Aproveita as horas de folga para visitar os museus e começa a desenvolver o gosto pela literatura e pela pintura. Desejando viajar é transferido para a filial em Bruxelas. As férias passa com a família, onde reencontra o irmão Theo e dá início à correspondência entre ambos que compõe um registro pessoal de sua fé e dos propósitos que, aos poucos incendiaram sua vida. Em 1873 é transferido para Londres, por dois anos, enquanto seu irmão Theo ingressa na filial de Bruxelas.
A capital francesa o atrai pelo fato de ser o centro cultural e artístico do Ocidente e para lá é transferido, agora com 21 anos. É seduzido pelos museus, devora os livros de Baudelaire, Dumas, Flaubert, Hugo, Rimbaud. Mas leva uma vida solitária, voltada para a religião, trancando-se horas em seu quarto para ler a Bíblia. Aos poucos começa a se desinteressar pelo serviço na Groupil, discute com os clientes, ausenta-se sem dar satisfação aos patrões e acaba por demitir-se. Sem alternativa retorna à casa paterna, onde sofre crises nervosas e prolongados períodos de mutismo e solidão.
O acaso leva-o a tentar uma saída novamente na Inglaterra, agora como professor auxiliar de francês e alemão, línguas que não domina. Sufocado por viver entre muito pobre, sente crescer a vontade de ser pastor, deixa a escola e retorna a casa dos pais, mas o pai não crê na nova vocação e coloca-o como balconista de uma livraria.
Em maio de 1877, chega em Amsterdam afim de preparar-se para ingressar no seminário de teologia, mas não consegue estudar, e seus exames são um fracasso. Parte para trabalhar como pregador missionário nas minas carboníferas, na Bélgica. Renuncia a tudo, distribui seus pertences, faz sua própria roupa e até dorme no chão. As inúmeras privações minam-lhe a saúde e o pai vem busca-lo.
Vai morar na aldeia de Cuesmes, onde tenta desenhar cenas que compartilhou com os humildes. Vaga por regiões próximas, rabiscando rascunhos de paisagens ou pessoas que lhe despertam interesse. Mas luta desesperadamente com a falta de técnica que o impede de revelar o que a alma sente. Escreve longas cartas a Theo, expressando a humilhação que experimenta pelos fracassos e a vontade de dedicar-se inteiramente à pintura. Theo se compromete a ajudá-lo com uma mesada.
Apoiado material e espiritualmente pelo irmão, Vincent vai em busca de uma orientação para suas pinturas e toma aulas em Bruxelas. Seus desenhos começam a ter os contornos suavizados pela aquarela. Um primo, pintor em Haia, encoraja-o a trabalhar com modelos vivos. Diante da natureza Vincent já não é impotente como antes. Em 1881 apaixona-se pela prima, que é viuva, mas esta rejeita- o .
Vai trabalhar com o primo, em Haia mas logo se irrita com os cânones acadêmicos que lhe são ensinados. Afasta-se dos amigos e instala-se num subúrbio. Para residência e estúdio escolhe um pequeno quarto onde sua arte amadurece sensivelmente.
Em 1882 recolhe na rua uma prostituta grávida, que de modelo torna-se sua companheira. Seu desenho “Tristeza”, retrata Sien despida. Mas Sien não corresponde à confiança e ao afeto do artista, dissipa as economias domésticas com bebidas. Vivem vinte meses de vida em comum, mas ela o abandona. Volta para junto do pai, onde trabalha com intensidade, mas anda ensimesmado, silencioso. Sua indiferença às convenções leva-o a indispor-se com a família.
Em março de 1885 o pai morre subitamente. O período que ai passou é de grande fecundidade, cerca de 250 desenhos, fundamentalmente dedicados à vida dos tecelões e dos camponeses, sua arte ganha um estilo pessoal.
Os óleos revelam a busca da expressão com uma paleta em que se destacam as tonalidades densas, baseadas no betume, no negro azulado, nos terras. Pinta sua primeira obra prima: Os comedores de batata.
Em fevereiro de 1886 ele se junta ao irmão para conhecer os impressionistas, familiariza-se com Monet, Renoir e sobretudo Pissarro. Um pouco mais tarde torna-se intimo de Gauguim. Em Paris reune-se com pintores novos, nos cafés onde discute-se o impressionismo. Trabalha febrilmente, experimenta a técnica pontilhista. Enquanto isso os neo-impressionistas estão abrindo um caminho novo, na análise da luz e da cor. Van Gogh pinta mais de duzentos quadros.
Sentindo-se pesado ao irmão, parte para Arles, no sul da França onde a vida é calma. Passa horas sob o sol, protegido apenas por um chapéu de palha.
Compartilha sua habitação com Gauguim, mas o equilibrio entre eles não tarda a romper-se, as discussões são frequentes. Tendo brigado com o amigo, em lágrimas, se mutila, com uma navalha decepa a orelha esquerda. Gauguim foge para Paris.
Em 1889 é recolhido ao hospital Saint-Paul, para doentes nervosos. No asilo dispõe de algumas regalias, um quarto individual. Monta um estúdio em seu quarto. Durante as crises tem alucinações incríveis, depois volta à lucidez, mas fica abatido pelo tempo que considera perdido. Pinta em Saint- Remy mais de duzentos quadros, uma produção fantástica para um período de apenas quinze meses.
O doutor Gachet, psiquiatra e pintor compadece de Vincent e dá-lhe a liberdade, instala-o, compra-lhe tintas e telas e ele volta ao trabalho. Voltam as crises. Em 27 de julho vai aos trigais e pinta três grandes telas, mas armado de um revolver para atirar nas gralhas, dispara no próprio peito. Chamado as pressas Theo o encontra sentado na cama, os dois conversam longo tempo, carinhosamente, morre a 29 de julho.
A importância e o valor da obra de Van Gogh só foram reconhecidos com o passar do tempo. Em 1946, logo depois de terminada a segunda guerra mundial, uma exposição itinerante de suas telas percorreu a Europa e foi visitada por meio milhão de pessoas somente na Bélgica. Em Londres, leiloeiros de arte alcançam atualmente milhares de libras esterlinas por um único quadro.

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