20 de abril de 2015

ESTILO – GRANDES CORRENTES ESTILÍSTICAS

O estilo de uma obra sempre corresponde a uma visão de vida – visão pessoal ou visão cultural. A autora Fayga Ostrower argumenta que é possível distinguir três atitudes básicas entre as múltiplas possibilidades de enfoques da expressão humana. Os diversos estilos históricos e individuais dos artistas estão caracterizados sob três grandes CORRENTES ESTILÍSTICAS – Naturalismo, Idealismo e Expressionismo. São formas próprias de representar uma maneira de estar no mundo, de vivenciar e elaborar a experiência de viver.
Em cada corrente, identificam-se estilos ocorridos em diferentes épocas e locais e que, no entanto, possuem características comuns.

Na corrente do NATURALISMO, os estilos têm em comum o fato de captarem, de maneira simultânea, o objeto e as emoções, sendo o artista fiel ao que vê e sente em relação à natureza. O artista tenta proceder de maneira bastante objetiva, procurando respeitar a configuração natural, sem introduzir ênfases formais que não lhe pertencem, e descrevendo os objetos ou fenômenos com relativa fidelidade. O artista quer revelar claramente o objeto como portador das emoções que ele transmite.

Pissaro

Na corrente do IDEALISMO, ocorre um processo de abstração de aspectos individuais, que são generalizados. A representação da realidade parte de uma perspectiva idealizada e racionalizada.
Observando uma árvore, por exemplo, compreendemos o gênero árvore nessa árvore individual. Um pintor naturalista, ao pintar a árvore, reproduziria o tronco com as irregularidades incidentais que possam ocorrer na natureza, enquanto que um pintor cuja atitude estilística fosse idealista procuraria reduzir, ou mesmo omitir, certos detalhes individuais, indicando na imagem apenas características gerais: verticalidade, altura e grossura do tronco. Ainda em busca do típico, o artista encontraria um cânone, idealizando assim as formas da natureza de acordo com um padrão geral.
Essa procura do típico e de cânones válidos resultará numa aproximação das formas da natureza a formas geométricas. A geometria é sentida como protótipo espacial, como referência ordenadora do espaço. Assim no idealismo, o artista nos dará o tronco de uma árvore numa vertical mais reta e mais regular do que talvez existe na realidade: ou então, em figuras humanas, rostos mais ovais, olhos mais amendoados... As pequenas irregularidades serão abstraídas. Mesmo o colorido será mais generalizado a fim de preservar a clareza.
Mas é preciso entendê-lo bem: não se trata de simples geometrização de formas e sim da aproximação a um cânone ideal.

Manoel Ballester

Na corrente do EXPRESSIONISMO, a manifestação de sentimentos fica evidenciada nos fortes contrastes de cores e de luzes, no exagero das composições, nos arranjos irregulares e assimétricos, nas fortes tensões espaciais e na emoção exacerbada das figuras presentes nas obras. Corresponde a uma maneira emotiva de ver a realidade.
Retornamos ao exemplo do artista que desenha uma árvore. Se no NATURALISMO o artista procuraria captar e reproduzir certos detalhes particulares que distinguem esta árvore de outras semelhantes e se, no idealismo, o artista selecionaria entre os múltiplos detalhes, alguns gerais, semelhantes em todas as árvores, generalizando-os mais ainda no sentido de aproximá-los de protótipos geométricos, no Expressionismo o artista selecionaria apenas aqueles detalhes que considerasse essenciais do ponto de vista emotivo. Estes aspectos o artista intensificaria formalmente exagerando em muito sua eventual aparência na natureza. Na árvore observada, uma pequena irregularidade na elevação do tronco poderá acabar se tornando uma torção violenta, os galhos serão pontas furando o céu, os tons de folhagem cores altas e fortemente contrastantes.
Em vez de semelhança formais, prevalecem os contrastes. O conteúdo expressivo visa o instável na vida, o excepcional, destacando a transformação em vez da permanência.

Mondrian


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Adaptado do livro Universos da Arte – Fayga Ostrower – Editora Campus, Rio de Janeiro – 1991.- capitulo XV – páginas 312 a 314.

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