Na entrevista com Raquel,
perguntei-lhe como explicaria a Proposta Triangular a um leigo em educação e
arte. Ela respondeu em meio a risos, como se fosse óbvio:
Eu desenharia um triângulo.
Iria mostrar à pessoa o que seria um processo de contextualização, o que é o
fazer artístico, o que é você poder conceituar a obra [e ir] apreciando. Eu começaria pela apreciação da obra, para depois contar a
ela a história da obra.
Depois, explicitou melhor
sua concepção sobre a Proposta Triangular:
É como um caminho possível para
você aprender arte, para você tomar conhecimento das teorias artísticas. É um
caminho possível. Eu falaria assim: para aprender arte, você transita assim...
num triângulo você pode começar de qualquer ponta. Depende do contexto, do
momento que a turma esteja vivendo.
Para ilustrar sua fala, ela
apresentou seu portfolio de trabalhos
feitos na Escola Criativa de Uberaba, onde se vêem versos em meio a fotografias,
textos e sua preocupação em trabalhar com obras de artistas brasileiros.
Pergunto o porquê da escolha e se é uma orientação da Proposta Triangular. Eis
a resposta:
A Proposta Triangular, que
eu tenha lido até hoje, não me falou nada [sobre isso]. Mas eu sei de adeptos da proposta [...] que falam da necessidade de [...] trazer a questão da cultura. [...] Quanto mais você fornece elementos para mostrar quem ele é, que faz
parte de tudo isso, mais ele tem condição de ver [...] mais profundamente até os elementos de outras culturas.
Desde o início da
proposta, Barbosa manifesta preocupação e compromisso com o conhecimento sobre
a cultura local — referencial vindo das Escuelas ao Aire Libre. A fala de
Barbosa deixa entrever, também, uma defesa da diversidade cultural:
As
No
trabalho sobre Portinari, Raquel desenvolve várias atividades baseadas na obra Café. A princípio, explora a produção
gráfica pelos desenhos com a temática da obra; depois, a produção
tridimensional (modelagem na argila), com a confecção de personagens da obra.
Assim, ela conduz o que chama de releitura da obra, mas frisa que não se detém
na mesma linguagem do artista.
figura 12. Reprodução de página do portfolio de Raquel
Fonte: acervo de Luciano Carvalho
figura 13. Reprodução de página do portfolio de Raquel
figura 14. Reprodução de página do portfolio de Raquel
Ainda na conversa sobre a
Proposta Triangular, Raquel mostra como a sistematizou para que a coordenação da
escola e mesmo colegas professores/as acompanhassem o desenvolvimento do trabalho.
Ela, então, mostra-me outro projeto seu: “Levante sua bandeira” (anexo d), em que usa a terminologia contextualização, apreciação e
experimentação. Ela justifica o uso da proposta:
[...] não consigo fazer de outra
maneira... Quando eu vejo, já estou planejando. Parece que sinto segurança.
[...] Eu montei o planejamento da pré-escola,
no ano passado, e a coordenação exclamou: “Nossa! Ficou tão fácil de entender
assim!”.
Diz em seguida, porém, que
já modificou a formatação:
Se você põe em linha, vai
seguindo os tópicos. [Então passei para] um formato
que se veja qual vai ser o seu movimento, [...] circular como eu gosto [...] para
mim, eu posso colocar no formato que eu quiser, sistema em rede, que vai se
abrindo, assim como no computador.
O
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